LEGENDAS |
(
* )-
Texto com Registro de Direito Autoral ) |
(
! )-
Texto com Comentários |
| |
|
Poesias-->Deus, o Cão e Eu -- 20/03/2005 - 01:18 (Luiz Hudson) |
|
|
| |
“ Ao entrar numa igreja, logo na entrada
me deparo com um cão.
Ele me olha, parece me reconhecer,
latir não foi preciso.
Parece até que é Deus
vigiando quem faz a sua parte
para merecer entrar no Paraíso.
Sento-me no primeiro banco
para ficar bem perto da imagem
que com Cristo se parece.
Enquanto rezo
ouço o cão latir para a rua,
talvez impedindo a entrada de quem não merece
ou, quem sabe, respondendo minhas preces.
Estou bem longe dele,
talvez não ouça minhas promessas.
Os cães têm o faro muito bom,
logo sentem o cheiro de mentira no ar.;
Por isso tenho que ser cuidadoso,
não posso prometer o que não posso realizar.
Faço o que posso: rezo a única oração
que sei de cor e salteado.
Espero que isso não seja pecado.
Ao sair da igreja
ele me olha novamente.;
Talvez feliz por me ver entrar tão triste
e sair tão contente.
Eu não tenho ninguém
para lamber minhas feridas.
Mas não reclamo, não sou ingrato:
Também ninguém deseja dar mordidas
nesse que nunca cospe no prato.
Sempre tive Deus como melhor amigo
e demorei a descobrir isso.
Me aproximo com a intenção de acariciá-lo,
mas ele me olha de lado
como quem assim não deseja.
Ainda não é hora de intimidade.
Deus se revela de várias formas
por mais estranhas que sejam.
Vou-me embora com a certeza
que ambos cumpriram a sua missão,
eu e o cão.”
|
|