Em um dia de outono, sento-me diante de meu jardim e fico a observar as folhas mortas que caem com o balançar do vento.
Até na natureza, Deus dá chegadas e partidas, oportunidades de idas e vindas.
Folhas mortas... Enquanto foram vidas em folhas, quanto se enroscaram umas nas outras no balançar do vento.
Quantas derrubadas antes do tempo, da mão que as podam, que as retiram de seu habitat natural ou quantas enfrentaram sol, tempestade, vento, agarradas em seus galhos.
Apenas folhas... Folhas com destino... Afinal, tudo é vida! Verdes a principio, amareladas e com o tempo caídas... Adubo de novas e outras verdes vidas.
E, sentada diante do jardim continuo a observar, deparando com uma trilha de formigas que passam diante de mim.
Uma fila destes minúsculos insetos vem colaborando com sua comunidade, em busca de suprimentos, aguardando o inverno que está a chegar. Trabalham arduamente, somam para depois dividir respeitando a lei da sobrevivência. Todas as formigas carregam pequenas folhas, seguindo para o mesmo endereço.
Noto que uma delas tem um enorme fardo, maior do que pode carregar. Um pouco anda e um pouco para, tentando conseguir forças para prosseguir. Porém, uma de suas companheiras sem carga nas costas, nota seu imenso esforço e vindo do final da fila, coloca-se a andar rapidamente indo socorrer sua exausta semelhante.
Seria intuição? Inteligência, para tão pequenino inseto? Onde teria aprendido a solidariedade?
Esta, coloca-se ao lado da companheira e juntas dividem o peso, caminhando no mesmo compasso, lado a lado. E eu ali, diante de meus olhos, vendo esta cena acontecer, logo penso, o quanto tenho que crescer.
Sou menor que estes pequenos insetos, sem cérebro, sem coração, sem emoção.
Seguem as duas até o local do depósito, entrando no ninho, sumindo diante de meus olhos. Acompanho o restante da longa fila que vem atrás, e me levanto.
Olho para o céu e me pergunto: - Quem somos nós? Tantos mestres, tantos gurus e ainda nem sabemos repartir e nem dividir o peso da vida com um desconhecido.
Muitas vezes, nem ao menos com aqueles, que nos dão "Bom Dia" todos os dias, que dormem no mesmo teto e temos como companhia.
Encontrei sabedoria, solidariedade, harmonia, lição de vida em um pequeno jardim
Paro para refletir .
Folhas mortas... formigueiro... Abaixo de nossas pés se esconde uma enorme e grande sabedoria.
Aprendi que, de vez em quando, devo me abaixar e observar, antes de olhar para o alto e clamar.
Eu, um ser pensante, dotada de coração, voz, sentimento, razão...
Pequena, diante da sábia natureza.
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