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Poesias-->Pedido à amada -- 26/02/2005 - 20:21 (Rodolfo Araújo) |
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Sei que hoje não é um dia de vê-la
E por isso mesmo reluto em acordar
Pensar – que inútil – pelas ladeiras andar
Empossado pela verdade
Que não há seu rosto para amar
Os destinos multiplicam-se como aves
Que despertam do silêncio pétreo das rochas
Confundem meus olhos impiedosos
Mas sei, não há qualquer um que invada
Meu corpo cansado de lutar
A substituir a força marina
A tormenta vocal
A boca trêmula
Alma felina
Corpo indolente
Sorriso inconseqüente
Que os efeitos em mim
Não sabe medir
Ah, labareda, fragmento infernal
Sobe-me pelas veias em fúria
Ruboriza-me a face, em penúria
São suas vestes que ali estão
Espúrias
Não está comigo
A outro suas palavras dedica
Ainda que inocente
Mas a sua pureza é fatídica
Rói minhas entranhas, tão pudica
Vestida em um véu transparente
Semelhante ao sonho recorrente
Do casamento lindo
Até então ausente
E caminha para longe
Suas pupilas não me procuram
Não fui lembrado
Meus olhos seguem seus passos
Indagando
Será que comigo ficaria
Se eu batesse antes à sua porta
E os meus versos ouviria
Se o bonde não atrasasse?
Aceite a rosa, por favor
Prova ínfima do amor
Que se expande por esse e outros mundos
Posto que ao momento do poente
Observe o ligar de estrelas
Suas iniciais desenharão
Para que não esqueça de seu rosto
Antes de sucumbir
**
Não há caminho, nem estrada
Sem seus passos, onde está a jornada?
Pergunto-me, aos prantos,
Em flagelos suburbanos
A escutar os gritos bêbados
Dos perdidos errantes
Bailantes esfuziantes
Da noite escura
Que paira, assim como a agrura
Em silêncio, castiga
Chibata, estala!
Pune estas costas que não aprendem
O valor de si mesmas
Navalha, abre!
Esta carne pungente
Tenra ainda, indigente
Fustigada pela solidão
Sua amizade dispenso,
Dos seus sorrisos prescindo
Da simpatia generalizada, fujo
Preciso de nossos cigarros juntos
Das fumaças entrelaçadas ao torpor
Do álcool
Que nos faz evaporar as verdades
Nascentes em nossos lençóis sedentos
Das marcas do outro
Somente voltarei a ser inteiro
Quando nossos lábios
Forem novamente um.
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