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Poesias-->Carma -- 09/02/2005 - 17:14 (J. C. Menezes) |
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Carma
Nosso destino é não termos destino.
Nosso destino é o agora. O agora, para sempre.
Força vital exaurida e renovada a cada segundo, cada minuto, cada hora e a cada dia da vida restante.
Nosso destino é não termos alternativa, e termos que conviver com as alternativas.
Nosso destino é não termos mais lugar.
Nosso destino é estar e querer ficar.
É querer estar e não poder ficar.
Nosso lugar não está mais nesse mundo físico.
É um lugar idealizado e sonhado.
Imaginado: a imagem desse lugar, só nosso, casa,
refúgio, lar, esconderijo, casulo,
Esse lugar que só existe na nossa imaginação.
Vivemos em razão desse lugar.
Dele e de poucos e intensos encontros.
Fortuitos, mas permanentes.
Furtivos, mas profundos.
Sutis, porém marcantes.
Fantasiados, porém reais.
Sonhados, porém vividos.
Superficiais e marcantes.
Singelos mas fecundo.
(Tatuagem e cicatrizes)
O passageiro nunca foi tão essencial.
Nunca mais seremos os mesmos.
Nunca mais.
Nunca mais teremos essa paz comum, em cada um de nós (só teremos paz em nós)
Nunca mais teremos vida normal (?).
Nunca mais conviveremos com as pessoas como antes.
Nunca mais nos relacionaremos com as pessoas como antes.
Família é uma outra dimensão. Ficou lá. Visível. Protegida. Mas inacessível.
Nunca mais.
Nunca mais o nunca mais será o mesmo.
Nunca mais o sempre será algo distante.
(o sempre será quotidianamente repetido, como as batidas do relógio, até o fim dos tempos
Um café, num Café, nunca será o que parece. É mais. É muito mais que isso.
Nunca mais o efêmero terá a mesma simplicidade.
Nunca mais o coração se lembrará (não há passado para nós)
Nunca mais nos reconheceremos como éramos anteriormente.
Nunca mais teremos a idade de antes.
Nunca mais teremos idade alguma.
Porque começamos a viver agora. Vida atemporal.
Agora, a vida antes imaginada.; antes, impossível.; antes, improvável.
Agora, somos estranhos para nós mesmos,
mas nos reconhecemos, um no outro, desde há muito tempo.
Juntos, estamos em casa. Sempre estaremos. Onde quer que estejamos.
De mãos dadas, silentes, somente olhando. Um para o outro
Para decorar cada detalhe do rosto, cada reflexo de luz nos olhos
(da luz própria dos olhos)
Cada ruga do sorriso meigo e gentil.
Cada alento. Cada latejar das veias.
Cada batida surda dos corações.
Cada uníssona e amorosamente sofrida batida surda dos nossos corações.
Brasília, 2.1.2001.
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