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Poesias-->a casa dele -- 30/12/2004 - 23:42 (maria da graça ferraz) |
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A CASA DELE
mdagraça ferraz
Porque a casa dele
era igual a casa
de qualquer homem:
Exata. Previsível.
Porque a casa dele
era uma casa comum
Tinha dois braços,
duas pernas, um sexo,
uma fossa,
um registro de água,
uma fiação para luz,
uma antena
sobre o telhado
para televisão
***
Porque a casa dele
era uma casa
útil e quadrada,
cozinha e quartos,
ventos nas janelas,
pombas agitadas
nas cumeeiras
E uma criança,
em desespero,
nela corria,
atrás de um
brinquedo partido
***
A casa dele
era igual a casa
de qualquer homem
Havia uma parede
de lamentos e
outra, de risos apenas
Uma escadinha
balouçante
unia e separava
as coisas das outras coisas
e assim por diante
***
Porque a casa dele
era uma casinha humana,
simplizinha,
havia sempre um pedaço
de carne pendurada
na grade de proteção
e latido de cão furioso
Porque a casa dele
possuía tantas histórias,
tantas metáforas, tantos
personagens encantados,
que nem morar nela,
ele precisava
A casa dele era automática!
***
E ele só aparecia nela,
vez por outra,
nas noites claras,
em que escrevia,
porque precisava,
ironicamente,
"não se entender",
pagar o dízimo
e depois sair,
antes que alguém
gritasse:
quem escreveu isto aqui?
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