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Poesias-->descarnado -- 30/12/2004 - 23:39 (maria da graça ferraz) |
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Descarnado
mdagraça ferraz
Na paisagem
do Nordeste
um burro valente
cheio de peste
leva na garupa
um menino verde
de fome e de ternura
Um cáctus ,em cruz ,abre
a flor dura
como uma estrela
envergonhada
E, no chão,
uma ossada fede branco
na paisagem vermelha
Não há anunciação!
Os reis estão magros!
Não há mirra, incenso nem ouro!
É tudo tão seco,
coração árido, amargo!
Que corpo não sangra
Derruba o couro
Caí o osso
sobre uma manjedoura
E um padre
de batina negra
abençoava o quê
nem ele mais sabia o porquê
Talvez, abençoava a morte
que dava trégua
ao que nunca fora vida
Ou, talvez, abençoava a vida
mirrada, que ali,
teimosa, insistia,
e pelo Poder do amor,
ainda louvava Nosso Senhor
que por lá também nascia
de castigo!
Ah terra vazia!
Deserto não prometido!
O que farão com teus filhos?
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