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Poesias-->Colecionando Medos -- 10/12/2004 - 09:26 (José Ernesto Kappel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Histórias há - as que mais amedrontam

são do além.;

As histórias da vida de cada dia

são apenas sombreiras do tempo

que passou.



Sou homem feito

e pronto para enfrentá-las.



Sou homem também, e veja só,

fora-da-lei.



Meu espírito se desgarrou

e voou prá longe

lá na pequena cidade de

Cicacota - que fica

na divisa entre a dúvida,

as sombras,

as história

e o medo.



Sou homem feito, e

isso já é meio desgarrável

de qualquer sentido peculiar!



Tenho poucas histórias

prá contar.

Só me disseram na infância:

cuidado com as coisas do além.



E hoje sou cuidadoso com todas

as coisas. Medroso de dar dó.

Medo!

Medo de dizer, de entrar ou sair

Medo do verão ou do inverno.



Medo até de dizer.



Pois, se me falam de lá:

se acautele com as sombras.



E se dizem isso

é porque ela existe dentro

de cada um.



Não há um canto sagrado para os sentidos!



Tinha medo de meu avô e sua amante.



Tinha medo dos presentes que ganhava dele

que, sabia, eram dela.



Ela, sábia, me conquistou e dois dias

depois morreu de agonia apressada.



Meu avô ficou só, sem mulher

e sem amante.;

e eu, cá, a pensar:

acabaram-se os presentes!



Pois, de verdade, avós não sabem

comprar presentes: dão centavos

que a gente gasta dando pros outros.



Nem pro circo dá prá ir.



Por isso, digo, de alma encurvada:

medo há!



E foi no dia que meu avô morreu de

solidão que fui a seu enterro.



Levei um pacote de balas,

um de amendoim,

um estilingue

e um terno preto

que em engolia todo.



E via lá eu - meu avô adormecido

indeciso e apático

enfurnado no além.



Depois daquele dia - nunca mais

ganhei nada.



E como não acredito no além,

sou forçado a dizer que um dia,

ao levantar ouriço, e homem grande,

encontrei ao lado do meu travesseiro

um pacote de pipocas !



E digo, amedrontado

pois se não existe nada, mais nada,

além do outro lado

do mundo,

sei que existe meu avô e sua amante

ainda tecendo, com amor armadilhas

de prata para este conosco.





E agora vivo assim,

medo tenho de sobrar.;

mas Cicacota existe tão esquecida

como meu avô.



Mas brinquedos,nunca mais ganhei.



Não sou alvará de ganância,

mas que o outro lado existe

isso lá existe.



Mas são coisas de meu espírito

que hoje vasculha o medo

que vem atrás com uma sacola

de pipocas, um avô e uma mulher amante!



Reunir isso tudo em mim, dá medo,muito medo, até de dizer!
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