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| Poesias-->Natal com Dobras e Esquinas -- 09/12/2004 - 09:39 (José Ernesto Kappel) |
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Natal esquisito de verdade,
baixou lá em casa.
Estava eu de prontidão
desde as primeiras
horas do dia.
Afinal não é toda
hora que tem um evento como tal!
E bom banho tomado,
perfume retocado
e não arredio,
esperei chegar a
data magnífica, data
onde os homens de
boa-vontade não bebem
leite de vaca.
Minha casa estava
toda ornamentada,
de enfeites e luzes
e tinha até
uma árvore de Natal
comprada
na minha rua de um
avulso que estava à pé.
Apaguei as luzes e
acendi a árvore -
que beleza!
Ela piscava igual
a estrelas refeitas,
Na mesa tinha pão e vinho,
e lírios que me deu
a boa vizinha!
Esperei as horas tomando
aguardente de cana.
O vinho seria para
outra hora.;
E tanto aguardente
tomei que comecei
ficar com vontade
de ir prá cama!
Mas não era o dia
nem a ocasião, ora!
Esperei e esperei,
mas nada aconteceu
Não veio ninguém a
minha casa.
Tudo feneceu,.
Cai em desagrado e
triste, amuei
no meu véu.
Meus vizinhos -
todos eles de
bom índole -
não são lá de
fazer visitas a
um solitário
no dia de Natal e
por isso se afastaram,
não vindo.
Parentes não tenho -
perdi todos prá morte
passionária!
Assim fiquei eu,
sozinho, na noite
de Natal
no meu pobre casebre -
igual a um varal
sozinho e sozinho,
mas não bebendo água mineral
Tomei o aguardente
e o vinho como tal!
Na véspera tinha
ganho de Maria -
a vizinha casada -
uma par de chinelos
e em troca enviei
prá ela
uma maço de rosas,
bem pronto e alado.
Ela adorou tanto
que me acenou de longe
- que mulher bela e bem amada!
Foi só o que ganhei
neste meu pobre Natal
Intenção - como já disse
- tive eu de pronto.
Fiz tudo direito para
receber alguém,
Mas o céu se amuou e
só me deixou tonto!
Tomei toda a garrafa
de aguardente
e a de vinho também.
A certa hora depois
da meia-noite
Me tranquei no
quarto muito bem.
E fui dormir em paz,
tonto e loquaz
Sonhei, de bom
augusto e voraz,
que neste belo
Natal só ganhei
vários fios de
cabelos brancos,
e uma vontade
louca de de fugir
prá uma outra terra
onde não há rugir
de solidão e vazios
que só um homem
que tem seu coração
partido com
alguma coisa de manco!
Mão arredo pé deste Natal
Não arredo pé do próximo Ano Novo.
Tudo porque é tão difícil
a gente encontrar alguém,
como é difícil encontrar uma pessoa
como é relutante armar uma ávore
e na horasem ninguém aparecer fico eu de guarda
esperando um Papi-Noel que não existe
E se existe é numa folha de papel.
Mas não tem nada não!
Hoje sou eu
amanhã é você:
dia de perder tudo
e se envolver em plena escuridão.
Se a vida tem um nome seu nome é breu.
E lá que a gente vive
a procura de alguém
de algum parente achado
de melros perdidos
de ansiedades partidas.
Este sou sou:
a procura de uma luz
dentro da própria luz.
Mas não chorem de agrado
Sou feliz: com meu par de chinelos,
meu aguardente amargo
e um véu gasto
que ganhei dela
faz cem anos atrás.
Na vida tudo passa
e até o que não tem o que passar,
vai longe e atravessa o gargalo do
tempo sem ser amado. |
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