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| Poesias-->Sabugos de Estrelas -- 09/12/2004 - 09:16 (José Ernesto Kappel) |
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Não adianta dizer,
não adianta falar,
sou do meio,
sem mastro
e sem facho!
Não adianta dizer,
sou do meio,
rótula de bolchevista,
preponderante,
passeios dos
outros.
Não adianta dizer,
sou do meio
e já não faço falta!
Já perdi a oligarquia,
os fundos de futuro,
os tendões.;
um dente do lado esquerdo,
uma cicatriz
do lado de lá.
Não adianta dizer
pois agora sou fogo de
palha
e toldo de gente,
mesclado
de mel e muito
aguardente.
E não me falta tequila,
brandura e
escuridão,
sou gente formado
nisso
que carrega alça
dos outros
pensando
no que já perdi.
Sou formado em ciências
contábeis,
filosofia,
psicologia em Harward
sociologia em Mal Paso,
com direito à passagem
pela França.
Não adianta dizer,
agora é tarde
até pra pensar.
Já peguei cachumba,
catapora
e sarampo,
fui vacinado
e adorado
mas fui parar no
meio das vítimas
sem cordão
e de uma lágrima
consegui
fazer duas.
Trabalhei nos charcos,
tudo uma pocilga
uma vara de gente.
Fui pros lamaçais
de pouca profundidade,
mas só uma vez fui herói.
- Faz anos - carreguei
uma pobre senhora desmaida
de amor do quarto
para a sala.
Não adianta dizer,
já fui doutorado
e senhor da casa
das mulheres.
Lá aprendi que me olham bem,
sem desdém.
Já amei, já
fui amado,
chamuscado e dopado.
Nunca fiquei em lugar
nenhum,
por falta de sol e de bom humor.
Um dia fiquei numa videira
e de longe vi suas folhas
arquearem ao sopro da brisa.
E que vinhas!
E que sabor de
vinho puro!
Não adinata dizer,
agora perdido na
contra-mão
de quem vai e
de quem vem,
só espero que me
chamem lá dentro:
Oh! João,
deixa de ser fabuloso,
não espere o lobo uivar.
Isto sim
vai ser uma grande
façanha.
Mas por enquanto,
não adianta dizer,
não adianta chorar.
Toca harpa,
canta os parques
e espera virar
milagre,
pois, por enquanto,
não adianta dizer,
não adianta falar !
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