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Poesias-->Ser Todo Dia -- 09/12/2004 - 09:14 (José Ernesto Kappel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Não aguento mais ser todo dia, bom-dia,

à tarde, boa-tarde,

ver o sol nascer, quando ele aceita,

ver as mesmas manchetes dos jornais,

de políticos honestos,

de gente tão bem intencionada,

que acaba nas prisões,

ver também tanta gente inocente presa

dentro de si mesma.



Não aguento mais ver a tristeza

e ameaças de guerras,

de homens serem estrepoliados,

de virgens indispostas,

de amores desfeitos,

de irmão contra irmão,

de famílias em crises,

de bondosas mães que

perdem seus filhos

em vida.



Tudo complicado,

muito complicado.



Não aguento mais ver o meu

jardim que não floresce

nem com adubos de olhos mágicos,

nem num milagre ocasional.



Não aguento mais ver o trem, o bonde

e o avião.



Já não posso entender as coisas

pois são todas iguais:

os ricos mais ricos,

os pobres,mais pobres,

carregados pela bandeira da minguada

carência do políticos.



Não aguento mais ver a mulher distraida, ser agredida,

ou o homem bêbado,

derrubando paredes com socos

e chorando,depois, de sua franqueza.



Não aguento mais ser ameaçado de velho,

ou confundido com criança de bala,

ou ser transformado em museu

na baila do dia,

pelos que não tem

e não sabem como ser.



Difícil, muito difícil,

pois as coisas sobrevivem sem coerência!



Não aguento mais ver os botequins de bêbados,

ver o holocausto de mentes brilhantes,

apagadas pelo ópio, que surra.

Não aguento mais ver o jovem querer ser mulher

e a mulher querer ser jovem.



Cansativo,

muito cansativo.



Não aguento mais ver indecisos

procurando soluções no vazio,

e os vazios achando que a solução

está nos guerreiros vacilantes,

onde rodopiam com copos de cristal

lotados e a esmo,mas

em mãos de solidão.



Tenho medo da pedra que rola,

da terra que absorve,

dos mortos de ontem,

que estão

enviezados de eternidade.



Muito cansativo,

cansativo demais.



Não aguento mais festas,aguadas,

churrascos,coquetéis: todos me levam a mesma cadeira:

a do ócio, do semblante de falsa fala,

de solidões muito transparentes,

regadas à vinho e tropicais entorpecentes.



Não aguento mais ver mulher nua,

de revistas que a vendem

para depois esquecer e fazer

nascer mais uma mulher

endoidecida pelo poder da beleza

que acaba morrendo de ócio e pó.



Cansei. Cansei....



Hoje, gritando com o passarinheiro,

o adverti de sua impopularidade

ao remanejar o pássaro

para uma liberdade cruel:

sua cela-gaiola feita

de madeira envernzada

de maldade.



E já que cansei,

faço como Romualdo,

um vizinho de três léguas,

que pôs uma corda no pescoço

e, antes de morrer,

disse:

- Cansei...cansei dos homens

e de suas fúteis rotinas e ansiedades.



E para alcançar a eternidade basta

uma vontade de ir.;

e duas vontades de ter

uma corda de fios de mortalha.



Ai, é só dar o nó,

onde o fraquejo do homem

é de aparência mais forte!

E morre mais um!

Cansado, muito cansado...
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