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Poesias-->O Trigo e o Inverno -- 08/12/2004 - 08:51 (José Ernesto Kappel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Espero que fique para o inverno,

não que isso tenha alguma

coisa a me

dizer.



Piedade roçam

as igrejas!



Mas, por enquanto, o tempo é tépido,

o sol e as luzes são de duas noites.



Por enquanto, ainda lateja um

pouco de mim - pelas vagas

esperanças da terra.



Nesse faz de conta...

faz de conta, é

que espero que fique para o

inverno.



A pátria já deixei pra lá,

e. assim, seus homens e

seus aventureiros.



Mas a cada dia subo um degrau,

um dia no outono,

outro na primavera.



Mas, outro inverno,

já não cabe mais por inteiro.



Ir até ao topo,

alcançar soberbo o bojo

e gritar

no meio da escada:

no inverno,não!



-Lá nem os

trigais suportam mais!



A vida é lá engraçada:

mata seus mortos,

reaviva seus vivos,

faz festa todo dia

e depois,

da noite para o dia, esmaece,

como uma lua pálida.



E lá vai o sentimento,

a meia-calça,

a chinela,

o cachecol,

a vista d água,

o pai, o avô,

o tio, sobrinho e meio

a moça da roça,

que trouxe em seu coração

seus engenhos de milagres.



Agora, que me perdoem,

os mais velhos,

os já de idade,

e também os mais novos,

os de nova idade,

já é hora de contar

meio-tempo

e cantar ao bravo sol

para que não chegue o inverno pálido.



Pois lá vai você, vai,

vestida de branco,

carregando um passado

que só eu sei caminhar.



A vida dá duas voltas

e meia.

Na parada você fica,

rútila, em mãos alheias.



E vão dizer, somente dizer,

lá foi a mulher de seu tempo

carregado por homens desconhecidos,

de chapéu de meia-aba nas mãos,

rezando falso, para que

tudo aquilo acabe.



Não tem nada não.

Agora é você

amanhã sou eu!



Nos trigais

já não resplande mais o

sol, mas caçam

cervos inofensivos.



Mas, que no grande

largo de folhas cinzas,

e esvoançantes,

pelo vento úmido,

caia uma gota apenas

de seu inverno

em minhas mãos,

para que possa

orvalhar seu rosto e

e respaldar os

velhos campos de

trigo.



Piedade - não tenho,

já sou grande,

homem feito.



Mas que, lá no fundo,

um dia, quando

todos passarem,

como roça o vento,

você venha e me diga:



Um dia foi assim,

Um dia fui amor.



Mas o tempo serrano

tratou de levar

vantagem.



E separou duas folhas,

quase mortas,

eu e você,

para levar às estrelas

onde só passa o branco

inverno.



E são, de tão longe,

que mal a gente vê tal

terra!



E numa

certa manhã de

inverno passageiro

você e seu passado,

venha a mim,

tratar dos trigais e,

diga,sincera:



Onde vive o homem,

de tanto amor,

que mora agora

bem longe da gente?

Junto ao trigais,

em pleno inverno!
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