Ana começou a namorar muito cedo. Com cinco anos de idade já namorava o Zeca, aquele menino da escola. Mas como ela achava o Zeca muito apressado, o namoro durou apenas uma semana.
No dia seguinte à separação Aninha já estava com o Juca, aquele guri do meu prédio. Mas Ana achou ele muito parado e terminou o namoro.
Aos dezesseis ela estava noiva. Aos dezessete casou. Não pode fazer faculdade porque, aos dezoito, quando acabou o segundo grau, ela engravidou. Moça moderna, ela se separou aos vinte e resolveu ficar sem homem, já que julgava que esses para nada serviam.
Triste sina a de Ana! Aos vinte e um teve pressa de chegar em casa e vôo a duzentos por hora em seu fusquinha possante.
Não, ela não morreu, mas hoje, aos vinte e dois anos, deitada na cama do hospital, Ana tem muito tempo para fazer algo que jamais fez: esperar.