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 | Infanto_Juvenil-->Dingo ou bingo? -- 27/09/2013 - 09:47 (Brazílio) |  |  |  |  |  |
 | Eu tinha onze anos. E meio. Apenas concluíra o primário, e estava ali, naquela 
 janela de fim-de-ano, empenhado em preparar minha admissão ao ginásio,
 
 frequentando curso noturno, no próprio prédio do ginásio municipal, na companhia
 
 de gente grande.
 
 Entrava pras aulas ainda no cair da tardinha e de lá saía de noitão. Já ia jantado e
 
 desobrigado de lavar as vasilhas. Seria por ali, o caminho da alforria?
 
 Era variada a turma, muita gente grande, já adolescente ou daí pra frente, e uns
 
 tantos molecotes. No entanto, só a mim era reservada a distinção de ir de calças
 
 curtas. O que já me dava certo desconforto, mas logo logo, eu me esperançava, iria
 
 fazer jus às longas, pois o uniforme de ginasiano, feito soldadinhos de brim cáqui
 
 não dava essas liberalidades...
 
 Éramos instruídos em quatro matérias: Português, Matemática, Geografia e
 
 História, por experientes professores que, aparentemente ganhavam algum
 
 estipêndio para estenderem suas horas de magistério. Ou será que o faziam por
 
 mero e vero diletantismo?
 
 E foi numa aula de Português, ensinada pelo respeitável e severo professor
 
 Newton, severo até em suas brincadeiras, que botei o dingo em uma de minhas
 
 composições. Ele conhecia, vai ver também que andara lendo a mesma edição
 
 do Readers´ Digest onde achei o meu dingo e me encantei com a história. Que
 
 creio, era o relato do desaparecimento de uma criancinha de um acampamento na
 
 Austrália. E a suspeita recaía sobre algum dingo, cuja fome não fazia distinções.
 
 O professor não chegou a me elogiar pelo texto. Era fraco, longo e um tanto
 
 impreciso. Mas ressaltou o dingo diante dos olhos estatelados de alguns dos
 
 colegas, pro meu embevecimento. Que aliás durou um piscar de olhos. Em seguida
 
 o professor Newton me chamava a atenção por ter mudado o nome da jovem
 
 personagem da estória. Iniciava Suzana, virava Regina no final. Que aquilo?
 
 Não revelei. E tampouco me decidi até hoje qual das duas a favorita dos meus
 
 devaneios nos bancos do primário. Mas vamos em frente, não vou revelar, nem
 
 relevar, tou louco pra usar as calças compridas.
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