|     
				| LEGENDAS |  | ( 
					 * )- 
					Texto com Registro de Direito Autoral ) |  | ( 
					 ! )- 
					Texto com Comentários |      |   | 
	|
 | Infanto_Juvenil-->A Rural do Zé Raul -- 16/09/2013 - 04:48 (Brazílio) |  |  |  |  |  |
 | A Rural do Zé do Raul era o caminho mais seguro e certo para Aparecida. Quantos 
 romeiros da Serrana Velha puderam realizar seu sonho de visitar e orar na Basílica da
 
 Padroeira Negra, onde pregou um Padre Vítor.
 
 Não chegava a ser um primor de desenho ou de conforto, aquele aparente caixotão,
 
 mas ao menos era ligeira, mais que uma jardineira e mesmo levando um tiquinho
 
 de gente de cada vez não se submetia à rigidez dos horários das rodoviárias de
 
 pouco asseio e de tanta devassidão em seu meio, com caminhoneiros às pencas e às
 
 encrencas.
 
 E os devotos conheciam bem o Zé: homem da terra, filho do velho Raul e de dona
 
 Tilita, merceeiro que se por um descuido um dia no peso ou no troco erraria, na
 
 romaria tudo concertaria em meio às preces e indulgências, das mais várias às
 
 plenárias. Pois o certo é que a Santa gostava do carinho que o povo lhe devotava e
 
 bem recompensava. E mesmo quando a graça buscada não se conseguia, ao menos,
 
 ninguém duvidava, a Santa intercedia. De noite e dia.
 
 O tempo para a realização da romaria era mais ou menos o de uma viagem à lua. Com
 
 menos holofotes ou fricotes. E nem pensar em decotes. O vestir discreto e respeitoso
 
 era de rigor.
 
 Tia Lia fez e bisou o feito. O cansaço da viagem foi leveza, transportada que foi
 
 para aqueles domínios que além da razão é que vão. Ver, sentir, poder pagar uma
 
 eventual promessa, agradecer por uma graça, quanta bem-aventurança! E os lugares
 
 porque passou, tão distantes, tão distintos. Perdôes era uma de suas lembranças mais
 
 renitentes. "Pois você não imagina que tem uma cidade chamada Perdôes!", e se ria
 
 de plenos, arejados pulmões. Falava também da companhia, das matulas alheias, das
 
 conversas travadas ao longo da jornada. Mas de sestros, ou gases, não falava nada.
 | 
 |