Usina de Letras
Usina de Letras
13 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 63572 )
Cartas ( 21360)
Contos (13309)
Cordel (10366)
Crônicas (22591)
Discursos (3250)
Ensaios - (10788)
Erótico (13603)
Frases (52036)
Humor (20214)
Infantil (5664)
Infanto Juvenil (5019)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1387)
Poesias (141427)
Redação (3381)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2445)
Textos Jurídicos (1978)
Textos Religiosos/Sermões (6406)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Infantil-->BOI BERALDO -- 29/03/2002 - 13:29 (Sonia M.Delsin Lencione) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Juliana era a única filha de um rico fazendeiro. Não só rico, podre de rico.
Jorge sabia que precisava de um filho homem, macho. Mas Deus só lhe mandara a menina Juliana. Ele a adorava, mas sabia que no futuro seria muito difícil. A menina conseguiria administrar todas as suas fazendas?
Eram tantos bois.
A menina era linda. Um rostinho coberto de sardas e olhos intensamente azuis.
Não gostava de ficar dentro de casa ao lado da mãe, gostava de andar pelos currais, andar a cavalo. Amava o pai e acompanhá-lo era só o que queria da vida.
__Papai, posso chamar este bezerrinho de Beraldo?
__Filha, não dê nome aos bois.
__Por que papai?
__Oras, porque não tem necessidade. Nascem tantos e todos estão condenados ao mesmo fim.
__Mas papai, olhe a carinha deste bezerrinho! Ele não é lindo?
Jorge aproximou-se da cara do bezerrinho e não viu nada demais.
__É igual a qualquer outro.
__Papai, você não olhou direito.
Jorge continuou olhando-o e viu que definitivamente o bezerrinho era tão e simplesmente como qualquer outro. A menina estava com caraminholas na linda cabecinha.
Pegou a filha pela mão dizendo:
__ Vamos, meu bem. A mamãe nos espera para o almoço.
Juliana continuou insistindo em querer por o nome de Beraldo no bezerro e o pai concordou vencido pelo cansaço; mas alertou que o fim dele seria o mesmo. Um nome não significava nada para um boi de corte. Aquelas toneladas todas de carne que ele adquiriria iria parar um dia num matadouro e ponto final.
A menina sentiu que já havia vencido uma batalha. Poderia ficar a vida inteira com o boi. Ela sabia ganhar o pai no papo. Ah! isso ela sabia e como!
Os dois entraram na imensa casa da fazenda.
Jorge queria que a mulher e a filha usufruíssem o melhor da vida.
Como ele amava sua família! Era tão bom saber que tudo aquilo que o rodeava era de sua propriedade. Casara-se com a mulher que escolhera desde menino. Tiveram a linda Juliana e o filho homem poderia nascer ainda.
Diante do prato Juliana não escolhia comida, pois tinha grande apetite.
__Mamãe, nasceu um bezerrinho lindo e eu dei a ele o nome de Beraldo. Pergunte ao papai. Não é mesmo, papai?
A mãe não pôde deixar de sorrir.
__Por que Beraldo?
__Sei lá, acho que é a cara dele.
__Você tem cada uma, minha querida __disse a mãe acariciando o lindo rostinho da filha.
Rose era um doce de pessoa. Gerara essa filha linda para o marido, mas sonhava em ter um filho para completar a felicidade deles. Ela sabia que a filha era da pá virada e que ainda daria muito o que falar. Com seis anos já parecia uma mocinha.
Mas sentia que Jorge precisava de um menino. Era muita terra, muitos bois.
__ Filhinha querida, você vive cheirando a curral. No ano que vem precisa começar a freqüentar a escola. Como vai ser?
__Ah! depois eu penso, está bom?
Rose beijou a filha e encostou aquele rostinho amado de encontro ao seu.
Jorge sabia que a menina precisava mudar os hábitos. Um dia Juliana seria a dona daquilo tudo. Mas que se danassem os hábitos!
Ele não tivera muito estudo e acumulara fortuna. Os bois se multiplicavam ano a ano. Já se falava até que ele era o rei do gado. Juliana seria o que quisesse ser. Ele a amava e sabia que ela seria uma herdeira à altura da fortuna que herdaria.
A peralta Juliana já voltava ao curral. Queria ver Beraldo de novo e falar com ele. Ele entendia “tudinho” o que ela falava, ela sabia que ele entendia.

Com o passar do tempo Beraldo cresceu. E como cresceu! Em pouco tempo já era um boi.
Um boi dócil.
E não era que a menina tinha razão!
Jorge tinha que admitir. O boi Beraldo não era como os outros.
Juliana começou a freqüentar o colégio e o boi a esperava com aquele seu olhar pidão. Quando a menina chegava, ele lhe fazia festa, como esses cachorrinhos de madame. Balançava o rabo e com seu corpão desajeitado rebolava todo para ela.
Os pais ficavam emocionados de ver aquela cena se repetindo todos os dias. Beraldo sentia saudades da pirralhinha.
Eles tiveram que admitir que o boi era amigo da menina e que era uma amizade que se estreitava a cada dia. Não teriam coragem de mandar matá-lo. Tinham mesmo tantos e ficariam com Beraldo.
Eu não disse que a menina Juliana ainda acabaria ganhando o pai no papo?
E sabe o que mais? Rose acabou engravidando de novo e nasceu um menino.
Foi aquela festa! A menina adorou e Beraldo também gostou. Nunca antes ele vira aquela família tão feliz.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui