Glubi estava inspirado naquela manhã ensolarada. Nadou até a beira da lagoa, pulou no galho de árvore que quase tocava na água, tomou fôlego, começou a bater suas pequenas nadadeiras avermelhadas e lá se foi; Voou como um verdadeiro pássaro pelo céu alegre e quente do verão! Voava ele tranqüilo e cheio de si, quando de repente ouviu a voz de sua mãe:
- Acorda filhinho! Hora do café da manhã!
E Glubi começou a perder força e a cair, cair e quando parou de cair, estava em sua cama. Chegou então à triste conclusão de que seu vôo não passara de mais um sonho.
- Ah, não! Quando é que eu vou aprender a voar como o Toti, a Teti a Ventinha...Até mesmo o Lilu sabe voar!
- Glubi – explicou sua mamãe – eles voam porque são passarinhos. Você é um peixinho, e peixinhos não podem voar, só nadar.
- Mas mamãe, eu quero ser como eles. Quero poder viajar para outras florestas, sentir o vento batendo nas minhas asinhas...
- Filhinho, você não tem asinhas. Você tem barbatanas e nadadeiras.
Não adiantava. Glubi queria porque queria sair voando como os amiguinhos pássaros. Não se conformava de jeito nenhum. E lá foi ele para mais uma tentativa de levantar vôo. Ventava muito e Glubi tinha que se agarrar com força no galho para não cair. Ventinha, a pequena beija-flor amiga do peixinho vermelho tentava convence-lo a não fazer aquilo, ou ele poderia se machucar. Mas ele não queria desistir, e não ia mesmo.
E começou a se preparar. O vento tinha aumentado e Ventinha já estava preocupada. Ela ficou parada no ar, observando o teimoso coleguinha, que, batendo as nadadeiras com toda a sua força, decolou. Sim, decolou! A ventania estava tão forte que o peixinho até parecia um passarinho de verdade voando a toda velocidade.
Glubi não se continha de tanta felicidade.
- Iurrú! Estou voando!
Na lagoa, todos os outros peixes assistiam deslumbrados àquela cena esquisita. Afinal, não é todo dia que se vê um peixinho voador. E eles mal podiam acreditar.
Glubi estava adorando o passeio, quando sem avisar, o vento...parou!
- Oh, oh... – pensou Glubi. E por mais que se esforçasse para se manter no ar, começou a cair. Porque não tinha mais o vento ajudando.
Os outros bichinhos assistiam aterrorizados à impressionante queda do peixe-pássaro. E Glubi, já sem esperança e muito cansado, foi caindo, caindo, como caiu em seu sonho, e...tchibum! Um grande e refrescante mergulho! E a água da lagoa salvou lhe a vida.
Depois disso o pequeno Glubi compreendeu que a melhor coisa é aceitar ser como somos. Não adianta tentar fazer algo que não é da nossa natureza. Devemos fazer o que gostamos, mas temos de ter consciência de nossa capacidade física.
Não devemos ir contra a nossa natureza. Devemos dar atenção aos conselhos de nossos amigos, e principalmente ouvir nossos pais. Pois filho de peixe, peixinho é. E para ser passarinho, só mesmo nascendo filho de um. Pelo menos foi o que nosso querido Glubi aprendeu...