A barata se apronta,
se enche de graça,
num porre de alegria...
O dia não passa,
e a noite que não vem,
a barata se apronta
pensando no "Bem",
acende um cigarro,
espera um carro
vindo da rua vizinha.
O dia não passa,
a barata se apronta
falando sozinha:
-Maldita, minha desgraça...
Arregaça as mangas,
retira a tanga
e se enfia na cozinha.
A barata fracassa
numa angustiante espera...
Mais um cigarro queimado,
o dia não passa,
e a alma desespera...
Já andando descalça
de um lado pra outro,
com tamanha afronta,
faz aquela arruaça...
Coitada já tonta,
cambaleando na borda
despenca pra dentro da taça.
A coitada se espanta
e a morte não passa.