Como escrever, bem.
(por Domingos Oliveira Medeiros)
Eu já lhe disse mais de mil vezes que esta caneta não presta. Você tem a mania de comprar as coisas pelo preço. É preciso preocupar-se com a qualidade do produto. Veja que porcaria está ficando sua carta. Toda borrada de tinta. Sua mãe não vai entender nada. E olha o seu dedo como está! Uma sujeira. Minha filha, escute o seu marido. Ele sempre procurou fazer as coisas bem feitas. Para escrever bem, meu bem, é preciso estar bem preparado. Desde a hora de comprar o caderno e a caneta ou o lápis, que seja.
Ah, já ia me esquecendo. Meu bem, sua carta, além de suja, está muito confusa. Os críticos literários chamam isso de prolixidade. Quando eles não entendem nada, começam a criar apelido para tudo. No meu modo de ver, o seu caso já é de prolixidade crônica. Com sinais de ironia “ diet”, isto é, ironia fina; magrinha; sem gordurinhas; Escrever bem, não é desenhar as letras para depois soletrá-las. Se fosse assim, seria fácil. Qualquer professor sabe disso: bastaria escrever a letra “b, depois a “e”, e, finalmente, acrescentar a letra “m”. Bem, mas isso já é outra história, meu bem. Porém, tome alguns cuidados. Não escreva usando duas ou mais pessoas do verbo, no mesmo texto. Dá uma confusão que você nem imagina!