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Humor-->Lição de um sufi -- 28/03/2000 - 15:30 (Fernando Antônio Gonçalves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Através de amigo acadêmico, travei conhecimento com Mullá Nasrudin, um sábio sufi cujas histórias atravessam fronteiras, favorecendo novas atitudes diante da Vida, principalmente dessa vida severina, quando até o Chico Vigilante, intrépido defensor do bom uso dos gastos públicos, é flagrado com a mão na botija, utilizando, através de um apaniguado, transporte oficial para a qualidade total de uma festinha de aniversário de parente.
Mullá Nasrudin nasceu e cresceu numa pequena localidade turca, filho de respeitado guardião de santuário de um grande mestre. Um dia, resolvendo conhecer outros mundos, visitou o Egito, comeu da banda podre nos desertos da Arábia e atravessou as cordilheiras de Kashmir, quando seu companheiro de viagem veio a falecer, não superando as privações até então suportadas por radical amizade.
Profundamente triste com o desaparecimento do companheiro de uma jornada que já ultrapassava doze anos, sobre a sepultura dele permaneceu em longa e silenciosa meditação, chorando com freqüência acima da média, despertando a curiosidade dos demais viandantes da rota das montanhas em direção aos santuários do Turquestão.
Passados alguns meses, ainda mais esquálido, alimentando-se de pequenas doações, ínfimas se comparadas às atuais magérrimas cestas básicas, Nasrudin foi abordado por um homem rico, que ordenou fosse construído no local um imponente santuário e ao derredor plantadas sementes várias, cujos frutos destinavam-se à manutençào do ambiente tornado agora sagrado.
Propagada a fama do Santuário, o fato ancorou-se nos ouvidos do pai de Nasrudin, que para lá peregrinou, indagando ao filho o que havia sucedido. Contados os acontecidos, o perplexo velho, levantando os olhos para os céus, maravilhado, exclamou: “Saiba, ó filho meu, que o santuário no qual cresceste e que abandonaste foi erguido exatamente da mesma maneira, através de uma cadeia similar de eventos, quando meu próprio jumento, assim como este teu, morreu há uns trinta anos atrás”.
O Mullá Nasrudin nasceu e viveu por volta do século XIII. E sua trajetória, com suas histórias, serve até hoje para demonstrar, aos mullás sem acento de uma contemporaneidade pouco cidadã, que a seriedade do homem do Pequeno Príncipe não se encontra atrelada à sabedoria e que o pior aprendizado é aquele advindo de rostos sisudos e olhares proféticos.
Nas recentes eleições para reitor da UFPE, o caráter paradoxal da vida manifestou-se e as formas de pensar condicionadas emergiram com notável nitidez. Olhares rabiosos de uns bostíferos para os que não comungavam da mesma candidatura, e até mesmo iradas caras pintadas, explicitavam hábitos e costumes pouco condizentes com uma sadia convivialidade universitária, onde os que pensam que sabem estão, muitas vezes, quilômetros distanciados, para trás logicamente, dos que já se despiram de padrões mentais impostos, cientes que são de uma verdade muito verdadeira, descoberta por Nasrudin, há mais de setecentos anos: sob alguns esplendorosos monumentos estão sepultados apenas simples jumentos.
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