Dois loucos, Neco e Janjão, conversavam encostados no balcão de um bar enquanto tomavam uma cerveja:

- Neco, eu tenho certeza que o político, nas próximas eleições presidenciais no Brasil, que apresentar em sua plataforma de campanha um compromisso de segurar a inflação do preço do quilo da goiaba, será um candidato muito forte e bem votado.

- Você tem razão Janjão, uma promessa como essa sem duvida deve trazer muitos votos para a urna.

- Com certeza Neco E olha que tem um monte de político que se não é louco, aparenta. Imagina se o Lula promete a liberação de terras para o plantio da goiaba e diz que vai liberar a venda dela livre de impostos. Ele apóia o Movimento dos Sem Terra e já tem o apoio deles. Garanto que até quem não gosta de goiaba vota nele, só pra ganhar algum dinheiro com a venda.

- Você está cheio de razão, Janjão.

- E o Enéas então. Imagine só se o comitê eleitoral do partido dele promove um discurso na Praça da Sé? A praça com milhares de pessoas que gostam de goiaba e o pessoal do partido, todos com camiseta do PRONA, distribuindo saquinhos com a fotografia dele contendo duas ou três goiabas bem gostosas. Ele vai discursar durante um tempão e todo mundo vai adorar. Milhares de pessoas comendo goiaba. Milhares de eleitores dando apoio e acreditando nas loucuras que ele fala.

- É sim, Janjão. Num país como este que tem tanta gente que gosta de goiaba é certa a vitória do candidato que convencer o eleitorado que é como eles, que também gosta da fruta. Eu, pelo menos, votava nele.

Um homem que estava no bar, bem perto deles, escutou essa conversa e pensou:
“Esses dois são completamente malucos, plataforma de campanha eleitoral baseada na venda de goiaba irrestrita e sem imposto. Só mesmo dois loucos para pensar assim. Neste mundo a gente vê cada coisa”.

É, ele não entendeu nada. Também para entender uma conversa dessa só se o sujeito for maluco e gostar muito de goiaba.

CARLOS CUNHA

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CARLOS CUNHA/o poeta sem limites

dacunha_jp@hotmail.com