Na véspera do casamento o apaixonado noivo foi pego na casa da noiva com um temporal dos diabos. Incomodado, o sogro, muito sistemático e conservador, não teve outra saída senão consentir que o futuro genro pernoitasse em sua casa. E com a casa abarrotada de parentes e de outros convidados, a única vaga disponível era na cama da noiva. O velho então sentenciou ao noivo, perante toda a parentela e convivas:
- Vou deixar o senhor dormir com minha filha, mas para evitar qualquer tentação antes da hora vou botar uma cerca de travesseiros e aí do senhor se a saltar!
Ao longo da noite o cochicho foi permanente, dos dois lados da cerca:
- Vem pra cá Zeca, me esquenta?
- Cê tá doida, seu pai me mata!
- Ah, vem, Zeca
- Vô não, ce ficô doida?
- Doidinha da silva, meu bem, vem
- De jeito maneira, memo cheio de doidera procê...
Na manhã seguinte, todo mundo a cavalo parte pra cidade pra grande ocasião. No caminho, porém justamente um burrinho que levava uma mala com os pertences e adereços da noiva, dá uma rabiada e a mala se lhe cai do lombo e vai derriçando por debaixo de uma cerca de arame farpado. Num átimo, altivo e possessivo, o noivo brada:
- Deixa comigo que eu apanho a mala!
Mais que depressa todas as vozes da comitiva se erguem:
- Quequeisso, Zeca, ocê num sarta nem cerca de travesseiro, vai querê se metê com arame farpado?