Aquele valente gaúcho macho de Pelotas, resolveu participar de um safári na África. Na despedida, orgulhoso ele disse:
— Bah! Tche! Vocês vão ver a pele de elefante que eu vou trazer com tromba e tudo!
No primeiro dia de caçadas, o machão resolveu se aprofundar sozinho na floresta, quando, de repente, um enorme gorila, maior do que ele, apareceu em sua frente.
Sem mais nem menos o gorila agarrou o gaúcho e começou a pular de árvore em árvore, cada vez mais longe do resto do safári.
Em cada pulo que o grande macaco dava, sacudia com força o pobre coitado fazendo cair suas roupas e pertences.
Primeiro caiu o enorme chapéu. Depois os óculos de sol comprado no Paraguai Depois foi à vez do lenço vermelho amarrado no pescoço, a espingarda, os facões, a garrucha, as bandoleiras, a bombachas com o chimarrão preso no cinturão, as botas, as meias e por fim a cueca samba-canção.
Quando o gaúcho estava nu como nasceu o macaco desceu em uma clareira, e sem muitas delongas comeu o rabo do valentão durante uns quinze minutos.
Assim, os dias foram passando com o gaúcho servindo de amante para o macaco.
Depois de umas três semanas um outro safári, que estava caçando gorilas encontrou o gaúcho.
Vestiram o coitado para levá-lo para o aeroporto e despachá-lo de volta para Pelotas.
O valentão chegou em casa arrasado. Entrou em depressão profunda, só chorava e não saía de casa.
Estava assim há um mês, quando o seu melhor amigo foi visitá-lo.
Os dois se fecharam na sala e começaram a conversar:
— Pô tche, você é o meu melhor amigo. Crescemos juntos, estudamos juntos, até troca-troca a gente fazia quando era criança. Conta para mim pra que tanta tristeza?
O chorão contou toda a história nos mínimos detalhes para o amigo.
— Você não tem nada a temer. Respondeu o outro. Eu sou o seu melhor amigo e vou ficar de boca fechada. E, tem mais, macaco na fala!
— É isso gemeu o outro. Macaco na fala, não me telefona, não me manda uma carta, um e-mail, nada, absolutamente nada! Eu quero o macaco! Eu quero o meu macaco, soluçava o gaúcho.
— Puta que pariu! Disse o outro gaúcho, já pensando em embarcar para uma caçada na África.