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Humor-->Vidrado em Editorial -- 27/11/2008 - 21:31 (Fernando Werneck Magalhães) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Lembro-me, nitidamente, que já nasci, para pasmo das enfermeiras, com minhas duas mãozinhas segurando a revista Mad, bem aberta. Elas, empenhadas em higienizar o meu bumbum, e eu fascinado, buscando contacto com o primeiro editorial da minha vida. Que não achei ali, claro.

Minha justificativa sherlockiana: maneira rápida e eficiente de resumir as últimas notícias, do Brasil e do Planeta, em cinco minutos. Meu próximo passo, foram os editoriais do Jornal do Brasil – bons tempos aquele! Depois que a Europa curvou-se diante do Brasil e, por isso mesmo, tornei-me europocentrista, aderi aos editoriais do “Le Monde Diplomatique” – nessa época, da democrática invasão da Hungria, eu, já velho de 10 anos, devo confessar que tive séria crise de impulsos diplomáticos.

Já adulto de 30 anos, em Londres, dediquei-me assiduamente aos do “The Guardian”, enquanto balançava no tube. De volta ao Brasil e ao Ipea, subscrevi “The Economist”. Dez anos depois, quando resolvi assumir, em definitivo, a minha condição de candango, passei a ler o “Correio Braziliense” dia sim, dia também - e não apenas nos finais de semana, com o objetivo pontual de conhecer a programação cinematográfica.. Teve época que eu ainda encontrava tempo para bisbilhotar, pela madrugada adentro, o “Financial Times”.

Pena que o dia só tenha 48 horas, e a minha carteira atualmente esteja transbordando de palavras-chave anedotais – além, é claro, de telefones de médicos e farmácias. Em virtude dessas razões muito técnico-pedestres, só me me sobrado dinheiro (tempo não é dinheiro?) para dar uma olhada de soslaio – com o olho direito – nos editoriais do jornal local e do “Valor Econômico” (de que fui o primeiro assinante no país), para ter certeza de que ainda posso sair à rua de pijama e calça “jeans” sem ser preso. Sem esquecer, êpa!, os da “Folha de São Paulo”, que voltei a vasculhar por razões familiares (filho fotógrafo) e em cuja renomada Faculdade de Medicina me formei, recentemente, às escondidas!

Dito isto, vejamos (com o mesmo olho). Muito construtivo e bem articulado o editorial “Fome e Holocausto”, publicado pelo periódico candango no começo de novembro/2005. Os quatro primeiros parágrafos são primorosos em sua abordagem do problema da fome em suas dimensões ética, civilizatória e política. O que, portanto, está a exigir a adoção de providências urgentes e emergenciais – ainda hei de conseguir parecer enfático, sem embarcar num pleonasmozinho!

Incrível que, ainda em nossos dias, sobrevivam - ainda que bambos e sem direto a presente de Natal - 852 milhões de indivíduos subnutridos, e que seis milhões de crianças morram a cada ano, vítimas de fome e desnutrição. Só não ficou claro, porém, se nesse cômputo se incluem as vítimas de doenças “favorecidas” pela desnutrição, como a tuberculose, a malária e a Aids. Caso negativo, o holocausto será ainda mais macabro.

Inaceitável também que, no decênio anterior, a Pátria-Amada-Salve-Salve tenha conseguido reduzir em apenas 3% o percentual de famintos. Supondo que esse número esteja correto, a minha maquininha de cálculo, do tempo do Onça, informa aos navegantes que a melhora média foi de ridículos 0,3% ao ano (cerca de 100 mil pessoas). E a quem deveríamos culpar por esse lamentável estado de coisas?

À esforçada e meritocrática aristocracia brasileira? Aos meus parcos leitores epicuristas? Aos filantropos economistas neoliberais? Aos padrecos de todas as confissões financeiramente viáveis? Aos milicos de todas as patentes, ansiosos por defender o deles? Aos eficientes empresários, que estão sempre pleiteando um subsidiozinho? Aos sociólogos, cujos livros li e esqueci? Aos nossos inescusáveis parlamentares escusos? A bem da verdade, eu não conheci nenhum assim tipificado. Vocês, já? Às nossas instituições lerdas e caducas – essa preguiça me mata!! - porque afinal ninguém é de ferro!

Quanto ao último parágrafo do editorial em pauta, lamento comunicar ao seu autor que tenho, dentre várias, apenas uma ressalva a fazer-lhe – a única de que me lembro. Assim, não me consta que o sistema financeiro internacional só se tenha enviesado em favor dos países ditos centrais a partir do acordo de Brettton Woods.

Ou será que a experiência de colonização teria sido uma festa para os povos periféricos? Justamente por força da descolonização que se seguiu ao final da 2ª. Guerra Mundial, o mais provável é que a distribuição de renda entre as nações ricas (mais industrializadas) e pobres tenha melhorado – e não o contrário. Da mesma forma que o “potencial de desenvolvimento” - nosso e dos primos tão ferrados quanto.

Mas que conceito é esse, afinal de contas? Está me cheirando a “Nairu”, que, esclareço, nada tem a ver com os cangurus da Austrália. OK, "boy", sendo a dúvida implausível, tentarei esclarecê-la com o Professor Layard (que, aliás, não dá mais aula), da London School of Economics. Juro que foi ele quem bolou essa artimanha, salvo prova em contrário. Se necessário for, recorro a gregos e troianos, petistas em geral, Serra, Alkmim e inclusive outros políticos menos cotados para as próximas eleições, como os meus amigos Toninho (o Blair) e Baby Jorge (o Arbusto-II), pois dizem que eles aprenderam tudo com o Fernando Henrique – meio primo meu.

Tenho dito assim. Amém!




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