O Padre,as beatas e o pecado
Cidade pequena,pacata e muito religiosa.Missas,novenas,procissões,responsos e ofícios.Todos unidos aos pés da Santa cruz,udenistas,pessedistas,comerciantes,matutos e letrados.O vigário,um bom-vivant,de meia idade,mas,muito lampeiro,amigo de uma cervejinha aos domingos,de um joguinho de dominó,e de umas visitas semanais a uma certa rua de canto,onde morava a mulata Lucinda,a de olhos de azeitona,que lhe recebia com devoção e afeto,pois,levar a cruz da Senhor é tarefa pesada e tem que ter suas compensaçõeszinhas,afinal,ninguém é de ferro.O padre ouvia as confissões da mulherada,com um misto de horror e compreensão;numa cidade pequena como esta as mulheres davam mais que chuchu na serra,fornicavam valentemente e não era com seus respectivos maridos.Cansado de ouvir as mesmas confissões toda hora e achando,com razão,que seu ouvido não era penico o padre fez um trato com as transgressoras:elas falavam:-padre,eu escorreguei,todas as vezes que cometessem o pecado da carne.E,assim,iam Nesta vidinha pacifica até que transferiram o padre para outra paróquia.Quem o substituiu foi um velho vigário italiano,caladão,rígido nas leis da Igreja,todo voltado para suas obrigações e responsabilidades.
As beatas continuaram se confessando da maneira antiga e o velho e inocente padre lhes dizia:-vai em paz,filha,escorregar não é pecado.Mas,já estava se enchendo com aqilo e foi visitar o Prefeito.Queixou-se das ruas,que não eram seguras,as mulheres escorregavam demais,podiam quebrar braços e pernas,isto não era legal;pedia providencias ao prefeito;este,que sabia da marosca,riu ás bandeiras despregadas na cara do Vigario,que indignado,aplopético lhe disse:-Ria,ria mesmo,ria muito,porque a mulher que mais escorrega é a sua.E saiu bufando.