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Ameaça Inconsistente
(in memorian)
Estava o Seu Joaquim, meu sogro, a ler o “Estadão” ( o que fazia de cabo a rabo), no terraço de sua casa, quando a campainha tilintou. Seu sobrinho, meio ofegante, aguardava ser atendido:
-“Vim a mando de meu pai.” Foi logo dizendo, enquanto acomodava-se na cadeira de ferro batido.
O tio continuava a observá-lo.
Sem mais... nem menos, o sobrinho soltou o verbo:
- “Ele necessita de mil reais, a título de empréstimo.” O tom macio acobertava a investida pretensiosa.
-“Encontro-me cá, desprovido de reservas, retrucou meu sogro. Diga à Manoel, meu irmão, já que vieste em seu lugar!”
Desapontado, o rapaz despediu-se de forma ligeira e descortês sabendo de antemão o que teria que enfrentar. Retornou irritado, além dos bolsos vazios...
Mal a noite principiava a espalhar sua sombra, o insistente visitante bateu-lhe novamente à porta. Trazia-lhe um novo recado:
-“Meu pai insiste: caso o senhor, meu tio, se recuse a emprestar-lhe, ele não fará o acerto dos três mil reais emprestados no ano passado,” adverte, aprovisionado de certa arrogância, o sobrinho.”
O tio sorriu e respondeu:
-“Valha-me Deus! E tu achas que eu contava com isso? Acabas de tirar-me um peso dos ombros. Por um momento, julguei ser necessário refrescar a memória de teu pai."
Heleida, 2005
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