Nagib, libanês, com seus sessenta e cinco anos, dono de uma lojinha na rua 25 de março, tinha um costume peculiar: quase todos os dias, na hora do almoço, levava uma das mocinhas da loja para almoçar em um dos motéis da cidade. Enquanto esperavam a refeição Nagib não perdoava. Submetia as funcionárias ao sexo total e, em todas as maneiras possíveis e imagináveis.
Certo dia Nagib convidou pela primeira vez uma garota nova na loja.
Chegaram no motel, tomaram banho juntos sob algumas sacanagens, pediram o almoço, e foram desfrutar dos prazeres da cama redonda e dos espelhos.
Estavam pelados e em grandes preparativos quando a mocinha desmaiou.
Nagib deu-lhe alguns tapinhas no rosto, abanou-a com uma revista, esfregou álcool no nariz, mas nada da menina voltar a si.
Vendo que a coisa estava piorando, Nagib resolveu comunicar o fato na portaria.
Em poucos minutos chegou uma ambulância.
O médico munido do estetoscópio examinou a garota dos pés a cabeça, mediu a pulsação e a pressão, verificou a temperatura e, com uma pequena lanterna de bolso, focou a luz em direção dos olhos da jovem inerte.
Depois de novos exames falou sem preâmbulos:
— Está morta! A garota está morta!
— Eu, non compreender? Disse Nagib assustado.
— A moça morreu. Faleceu!
— Non é possível, choramingou Nagib.
— Entenda, disse novamente o médico. Morreu, faleceu, deixou de existir. A Alma saiu do corpo. Agora o senhor compreende?
— Non compreender! Impossível, disse Nagib. Como a alma saiu do corpo? Boca no boca, pau no boceta, dedo na cu; por onde a alma saiu?
O médico não disse mais nada. Mas seus pensamentos diziam que a alma tinha saído — pela puta que pariu!