A mulher é uma bandeira
Que em bom mastro quer subir
E flutua a vida inteira
Se o mastro não se partir.
Se for mulher portuguesa
Não adianta caroço,
Pois só sobe com beleza
Se o mastro for bem grosso.
Com a mulher brasileira
Nada resulta depois,
Se não tem mastro à maneira,
Não sobe num, sobe em dois.
No caso da espanhola,
Que gosta muito de adornos,
Se o mastro não a consola
Até faz mastros de cornos.
A francesa é uma delícia
Se apanha um mastro à moda
Sobe plena em codícia
E enrola-se nele toda.
Quanto à mulher inglesa
De bandeira experimentada
Quer um mastro à defesa
Para subir descansada.
Dos alemães ideais
Forte bandeira na terra
Ao inclinar-se de mais
Rasgou-se e perdeu a guerra.
À bandeira italiana,
Latina assaz tarimbada,
Só mastro com muita fama
A coloca bem içada.
A bandeira americana,
Por obra da Sala Oval,
Sobe com nódoa de fama
E flutua triunfal.
Na China, em boa verdade,
De mastros bem recheada,
A bandeira sequer sabe
Quantas vezes é içada.
A bandeira japosesa,
Do famoso Heroito,
A subir põe concerteza
Os mastros todos em bico.
Bandeira do Vaticano,
Como o Papa é homem casto,
Por milagroso arcano
Até sobe sem ter mastro.
Só a bandeira da paz
Que de paz sempre requer,
Todo o mundo satisfaz:
Sobe num mastro qualquer.
Por isso rapaziada
Há que ter sempre bom lastro,
Porque bandeira arreada
É sinal de mau mastro.
Quanto à minha experiência,
Com um mastro já velhinho,
Bandeiras com paciência
Lá sobem devarinho.
António Torre da Guia
PS = Como Bandeiras e Mastros, Homens e Mulheres, constittuem um assunto que me diverte imenso, vou, após este improviso, acrescentar o maior número possível de países, para não ferir os orgulhosos egos nacionalistas. Por consequência, vá passando de vez enquando e, sobretudo, divirta-se.