Salvador Dali dizia que, sem o bigode, um homem jamais estaria adequadamente vestido. Nada melhor do que um pouco de erudição para introduzir um breve texto humorístico, não é verdade? Há que se traçar um preâmbulo de dosada extensão, para, depois, se chegar ao desfecho, necessariamente contundente.
O que apenas passo adiante é uma piada que, a despeito de obviamente antiga, ainda mantém intacta a graça de sua capilar sutileza.
Dizia-se, no tempo em que o Sarney era presidente - num tempo em que ele nem sonhava ainda em vir a ser candidato a senador por um estado como o Amapá:
"O que o Sarney usa é não um bigode. Aquilo é tudo pelo social."
E, por falar em cabelo e em ex-presidentes, por entre miríades de escândalos e em meio ao empurra-empurra dos presidenciáveis - todos eles jurando de pés-juntos, e pela alma do mais que pranteado quase presidente Tancredo Neves, que não são candidatos -, um topete, cada vez mais desafiador em seu complicado equilíbrio, se alevanta, insidiosa e caricatamente, encimando aquela cara de sonso de quem parece mais do que nunca disposto a fazer fusquinha.
