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Frases-->Está preso! -- 16/04/2007 - 17:34 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Está preso!

“O universo tem tantos centros quantos os seres vivos que nele existem. Cada um de nós é o centro do mundo e do universo, e ele se desmorona quando alguém nos sussurra ao ouvido: ‘Está preso!’
(...) A detenção é isto: o brusco som noturno da campainha ou a brutal pancada na porta; a brava investida dos briosos agentes com as botas sujas; a assustada testemunha que os segue. (E para que essa testemunha? As vítimas não ousam pensar nessa questão, os agentes não a concebem, mas são assim as instruções, e é preciso que a testemunha esteja sentada toda a noite e pela manhã ponha a sua assinatura. Para as testemunhas que levantaram da cama isso é também uma tortura: noite após noite seguem ajudando a prender os vizinhos e conhecidos.
(...) Nada existe de sagrado na busca do domicílio! Quando prenderam o maquinista ferroviário Inóchin, encontrava-se no quarto o corpo de uma criança que acabara de morrer. Os ‘juristas’ tiraram o corpo da criança e o revistaram também. Eles dão safanões nos doentes de cama e tiram as ligaduras que lhes cobrem as feridas.
E bem pode acontecer que, no prazo de meio ano, o próprio preso responda ou eles digam: ‘Não tem direito a cartas’. E isso significa desde logo que é para sempre. ‘Não tem direito a cartas’ é quase certo querer dizer: ‘Foi fuzilado’ ” (pg. 15 a 18).

“As prisões políticas no nosso país singularizaram-se durante décadas precisamente pelo fato de serem detidas pessoas em nada culpadas e, por isso mesmo, de modo nenhum preparadas para oferecer resistência. (...) Não é qualquer pessoa que, como Vânia Levitski, compreende logo aos catorze anos de idade: ‘Toda pessoa honrada deve passar pelo cárcere. Agora está preso o meu pai, e, quando eu crescer, prender-me-ão a mim’ (Ele foi preso aos vinte e três anos.)” (pg. 22, 23 e 24).

“Em 1921, quando prenderam a jovem Evguênia Doiarenko, de dezenove anos, e três jovens tchequistas revolveram a cama dela, a sua cômoda, ela permaneceu tranqüila: ‘Não há nada, nada encontrarão’. E, de repente, eles tocaram no seu diário íntimo, que a moça nem à mãe podia mostrar: a leitura dessas linhas por rapazes estranhos e hostis afetou-a mais do toda a Lubianka com as suas grades e celas” (pg. 25).

“ ‘A resistência! Onde esteve a vossa resistência?’ é a recriminação que fazem hoje os que sofreram àqueles que escaparam à repressão. Sim, a resistência devia ter começado a partir daqui, do início da detenção. Mas não teve começo” (pg. 26).


Alexandre Soljenítsin, in "Arquipélago Gulag", Difel, São Paulo, 1975.







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