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Erotico-->MUITOS ANOS DEPOIS -- 06/08/2003 - 14:37 (Carlos Higgie) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MUITOS ANOS DEPOIS


A porta fechou-se e, repentinamente, descobriram-se sozinhos. Sozinhos. Ele com seu olhar quase desesperado, pedindo, suplicando. Ela, tensa, sentindo que o desejo subia pelas suas veias com a força de um géiser, com a urgência de um vulcão em erupção. Sozinhos e dominados pelo desejo, por uma força irresistível pronta para explodir em sons, luzes e cores. Sozinhos. Sozinhos como nunca.
Ele foi até a lareira e colocou mais um lenho. O fogo crepitava, as chamas vermelhas e amarelas iluminavam o recinto, competindo com a luz baixa e amarelada de um abajur, que jogava sua cor num canto da sala.
Ela mexia num centro de mesa, mudando-o de um lado para o outro, o olhar fixo no movimento que suas mãos faziam. Herneldo aproximou-se, contendo a respiração. Ambos sabiam que a distancia que os separava era pequena, quase insignificante, porém tão grande!
O vento e a chuva gemiam lá fora. Golpeavam os vidros, agitavam as copas das árvores, queriam derrubar muros e portas, entrar e tomar conta da casa.
Ele foi chegando devagar, chegou tão perto que o ar quente da sua respiração acariciou o pescoço dela. Estava parado, atrás dela, a poucos centímetros, quase tocando-a.
___ Não!- mussitou ela, mas a negação morreu antes de chegar aos lábios.
___ Lilian- ele falou baixo, a voz tremendo -, estou ficando louco.

___ Fica quieto, não te mexe, não fala!- suplicou ela.

O cabelo, recolhido num coque, conspirava contra ela. Sua nuca estava totalmente exposta, pronta para ser beijada. A respiração densa, entrecortada, quente e tensa, acariciava sua nuca e a eriçava toda. O sangue fervia, não conseguia pensar com clareza. Estava irremediavelmente perdida.
Num instante mágico, as mãos masculinas pegaram sua cintura e fizeram ela girar e ficar cara a cara com ele. Pronto: os olhos de safado, a boca carnuda, o cheiro e o perfume do homem, a perturbavam. Tudo estava ali, ao alcance da sua boca, da suas mãos, ao alcance do seu desejo. Ele aproveitou aquele momento de perturbação e beijou-a . Foi um beijo pleno de carinho e paixão, um beijo que começou suave e delicado e foi cobrando força até transformar-se num beijo carregado de luxuria, desejo e voluptuosidade. Era inevitável. Lilian sentiu que as pernas fraquejavam e deixou seu peso cair contra o corpo masculino. Ele deitou-a no tapete, perto da lareira acesa e, sem deixar de beijá-la, de joelhos, segurando as pernas femininas com as suas, começou a soltar botões. Lilián ainda ensaiou uma pequena resistência que, pouco a pouco, transformou-se em plena aquiescência. O desejo, como fogo em lenho seco, estava consumindo-os. Tantos dias, tantos anos, tanto tempo de espera e autocontrole, tantos olhares dissimulados, tantas palavras e promessas nunca pronunciadas. Tudo parecia explodir, envolvendo-os numa magnífica labareda, naquele encontro dos corpos sedentos.
Herneldo beijava-a na nuca, nas orelhas, detinha-se e mordia suavemente, depois descia até o pescoço, deslizava os lábios pelas doces colinas, passava a língua debaixo das axilas e fazia do corpo da mulher um vasto e glorioso território que seria percorrido, palmo a palmo, pela sua boca sedenta, pela sua língua atrevida, pelos seus dentes famintos.
O fogo cantarolava na lareira. Seus corpos nus, em perfeita sintonia, brincavam de inventar o amor. Eram livres e maravilhosos. Suas peles suadas descobriam linguagens desconhecidas, idiomas desaparecidos. O mundo e suas barreiras, a sociedade e suas proibições tinham desaparecido. Aquele ambiente, a luz ardente das chamas, seus músculos em doce e sensual movimento, seus membros entrelaçados, suas bocas unidas em incontáveis beijos, as mãos, o suor, os gemidos, eram todo o universo. A realidade esfumou-se. Estavam cegos e surdos para tudo. Tão cegos e tão surdos que não viram nem escutaram, não perceberam que alguém abriu a porta e entrou. Tão perdidos estavam naquele fulgurante universo, que demoraram quase um século para entender que a irmã e a mãe de Lilian haviam entrado e olhavam para eles estupefatas. A irmã e a mãe que, também, eram a mulher e a sogra de Herneldo. Só então acordaram daquele sonho alimentado durante muitos anos, longos anos de paixão recolhida, longos anos de desejos reprimidos, por medo de ferir ou violar regras. Só então perceberam o ridículo de seus corpos sexagenários, suados e desgastados.
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