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Erotico-->35. UM DIA DIFERENTE -- 03/05/2003 - 07:25 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Assim que Juvenal desceu do táxi diante de casa, aproximou-se dele aquela mesma estafeta dos desconhecidos que lhe passou um embrulho, sem dizer palavra.

Antes que abrisse o portão, o celular soou:

— Pronto.

— Não pergunte nada. Ouça com atenção. Você está ficando descuidado. Só abra o pacote em seu quarto, longe das empregadas. Também tem de se dedicar mais aos estudos. A quantia que lhe entregamos representa um bom investimento. Não perca a oportunidade.

Juvenal introduziu uma pergunta num repente:

— Por que eu?

— Porque para você se trata de trabalho e não de prazer. Veja se me entende. Dedique-se bastante à Química. Mas continue preparando-se para a Faculdade de Turismo. O ramo da hotelaria nos cairá muito bem.

Em seguida desligaram.

No celular ficou registrado o número de onde foi feita a chamada. Uma busca rápida revelou-lhe que se tratava de um telefone público perto de sua casa. Estavam esperando por ele.

Ao entrar, Margarida veio ao seu encontro. Desejava receber as ordens do dia e prestar conta do que haviam feito. A conversa foi breve, revelando o jovem que passara a noite em claro e que acabava de chegar do velório. Precisava descansar.

Sendo assim, aprovou o relatório e fechou-se no quarto, onde abriu o pacote. Lá estava um envelope com um maço de dinheiro, o suficiente para cobrir todo o ganho dos melhores meses do comércio das drogas. No fundo da caixa, outro pacote, pesado. Abriu com cuidado e encontrou a arma que havia abandonado no cinema, com o respectivo coldre.

Juvenal franziu a testa querendo compreender como é que não percebera que estivera sendo seguido. Julgara que fora ardiloso o suficiente para se desfazer do revólver e agora se via diante de um mistério dos grandes, difícil de resolver.

“Essa gente é muito poderosa. Evidentemente conhece todos ou quase todos os meus passos. Será que me darei bem aceitando seu patrocínio?”

A pergunta não obteve uma resposta satisfatória. Viera para casa até que feliz, restabelecendo o horário que mais lhe agradava da noitada seguida do sono durante o dia. Agora, deitado, não conseguia pregar os olhos. Calculou que, se não fizesse como lhe mandavam, sua vida de delinqüente juvenil o levaria à cadeia ou diretamente ao cemitério.

Ficou ainda uma hora rememorando os acontecimentos que o forçaram a se desfazer da boca de fumo, acabando por suspeitar de que a denúncia feita à polícia bem poderia ter partido daquela organização.

“E se eu tivesse sido preso?”

Desta vez a resposta lhe pareceu clara:

“Eles teriam feito que eu escapasse ileso. Com certeza, têm alguém infiltrado no comando da polícia.”

Concentrou-se no fato de saberem sobre sua opção de estudos, mas achou que era um fato conhecido, tendo falado a respeito aos colegas do período noturno e do período matutino, inclusive respondendo a um questionário da escola. Até Armando tinha conhecimento disso. Era, portanto, impossível saber de qual fonte eles obtiveram a informação. Além do mais, Ângela e os coleguinhas de Lutécia o ouviram falar a respeito. Imaginou que a irmã pudesse ter revelado sua intenção até pela Internet, desconfiando que algum dos correspondentes bem poderia ser da quadrilha.

Súbito, a figura da mãe entrando no hospital lhe veio à mente. A lembrança do velório da irmã a colocou ao lado do esquife, em lágrimas.

“Quem ela pensa que engana? Lágrimas de crocodilo. Ela é quem merecia ocupar aquele caixão.”

Destilou um veneno forte contra a mãe, recordando-se dos tempos em que o abandonara com o pai e a irmã. Seu ódio foi num crescendo até imaginá-la no lugar da irmã, recebendo uma saraivada de balas.

Finalmente, cedeu ao cansaço e dormiu até às duas horas da tarde, quando soou o despertador. Acordou muito sonolento, tendo dormido pouco. Mas queria conversar com Ângela para saber como é que seriam as tardes de estudos.

O almoço ainda não estava pronto, porque Margarida julgou que o rapaz dormiria até bem tarde. Mas faltava apenas concluir o cozimento da mistura, uma vez que o prato principal estava preparado.

Ao sentir o odor da comida, Juvenal percebeu que estava faminto. Desta feita não fingiu e comeu à vontade, elogiando muito o tempero.

Estava ainda à mesa, quando chegou a professora. Vinha com três alunos novos.

Margarida fez que esperassem na sala, enquanto o rapaz não terminava a sobremesa. Mas este deixou a compota de abacaxi no prato e foi ao encontro dos recém-chegados.

Ângela fez as apresentações dos três novos alunos, todos demonstrando muito mais vivacidade, maturidade e interesse que os anteriores:

— Milena, Patrícia e André. Estão no terceiro ano, preparando-se para o vestibular. São excelentes alunos. Estão precisando de reforço na área de ciências naturais. Somente o básico, porque não vão utilizar essas matérias nos cursos que irão escolher.

— Eu ia pedir-lhe para dedicar-se mais à Química.

— Podemos começar por aí.

Nesse ponto, a professora diminuiu a sonoridade da voz para dizer ao pé do ouvido de Juvenal:

— As duas mocinhas não vão conseguir acompanhar as aulas, a não ser que se faça uma revisão completa do primeiro grau. Elas estão em escola pública e não sabem muita coisa. Só iriam atrapalhar o seu avanço. Acho melhor dispensá-las.

— Você não disse isso a elas?

— Eu mostrei que estão muito fracas em todas as matérias e disse que não iriam aproveitar as aulas mais adiantadas.

— O terreno está preparado. Eu falo com Margarida. Ao menos estavam interessadas?

— Não muito. Acho que estão preocupadas com outras coisas.

— Namoro?

— Vida social no colégio. Margarida exerce o cargo de governante também na casa dela.

— Entendi.

Em seguida, Juvenal explicou que dormira pouco e que só acordara para conversar com ela. Sendo assim, pediu dispensa da aula para descansar, deixando a professora à vontade com os novos alunos.

Na cozinha, encontrou Margarida ajudando a sobrinha a lavar a louça. Ele a chamou de lado e explicou o que a professora havia dito, sem aumentar nem diminuir nada, concluindo:

— Penso que elas vão ficar mais sossegadas realizando as tarefas e indo embora duas horas mais cedo. Gostaria que entendessem.

Sem esperar resposta, dirigiu-se ao quarto, encontrando Valéria no corredor:

— Eu não sabia se era para abrir a porta, já que o senhor passou a chave. Preciso arrumar a cama.

— Vamos combinar assim: quando o quarto está fechado, você não entra. Certo?

— Certo. Quer que eu dê um jeito nele agora?

— Não é preciso. Vou me deitar de novo.

Passou-lhe pela cabeça efetuar um teste sobre a acessibilidade da empregada, mas desistiu, porque lhe pareceu que seria mal interpretado. Não faltaria ocasião. Quando abriu a porta, já Valéria havia descido a escada.

Deitou e teve idéias sensuais, recordando-se da noitada nos braços de uma prostituta conhecida. Logo adormeceu com o despertador preparado para despertar às cinco e meia. Às seis, chegaria Elvira.

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