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Erotico-->16. DAS REVELAÇÕES -- 02/03/2003 - 07:35 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Disse que meu nome foi atribuído de forma a fantasiar a realidade. Dei, entretanto, todas as pistas para a descoberta da verdadeira pessoa que fui na Terra, tanto que seria apenas perlustrar os anais da Ordem dos Advogados para saber quem foi banido e terminou acidentando os filhos e matando-se.

A partir da investigação sobremodo fácil de concretizar-se, o mais viria automaticamente, a ponto de serem localizados os parentes vivos, para a formulação de justa teoria de retorno espiritual.

Do ponto de vista espírita, esse sistema tem sido aplicado inúmeras vezes, quer por petição dos familiares e amigos, quer, espontaneamente, pela iniciativa das entidades.

No meu caso, não admiti revelar-me exatamente quem fui, porque não desejo que a parentela se ponha a especular sobre a verossimilhança dos elementos fornecidos, especialmente no que concerne ao aspecto moral, uma vez que é desabonadora a opinião que tenho de quase todos, o que iria gerar vibrações de muito sofrimento, nesta via de duas mãos que se constitui nas influenciações imateriais.

Não pretendo obsidiar ninguém, fato que naturalmente decorreria de as pessoas reconhecerem-se descritas, sem as características da bondade superior e da argúcia evangélica que presumem possuir. A partir daí, as acusações contra mim iriam, com razão, intensificar-se, ainda mais porque me encontro em fase de autoconsiderações desabonadoras, a incentivar dolorosas invectivas.

Hão de querer saber se os dados são fidedignos, verdadeiros, ou se são forjados, a partir da necessidade de inventar-se história para a comoção dos leitores, resultando, porém, na inconcussa conclusão de falsidade, de mentira.

Não gostaria de perder a confiança dos amigos para os relatos que venho proporcionando, contudo, devo adverti-los para o aspecto da realidade que subsiste, após confessar que estou adaptando dois ou três roteiros vividos por seres que comigo uniformizaram o ritmo vibratório, com a finalidade de não propiciar à maledicência ou à maldade dos corações imperfeitos a possibilidade de caírem em tentação. Parodiando Jesus, se o escândalo há de vir, não seja por mim.

Graças a Deus, Jeremias trouxe ao grupo a condição de que, em momento oportuno, deveria o narrador explicitar os recursos utilizados para o disfarce da personalidade.

Resta esclarecer que, sendo ou não advogado, fui punido pela lei dos homens.; que recebi, por vias transversas, emprego público de bom rendimento.; que, em acidente automobilístico, dei cabo da vida de dois filhinhos.; que meu pai, deveras, é suicida.; que tenho irmãos gêmeos e mais outra irmã, mais novos, ainda vivos.; que minha mulher me abandonou e está internada em manicômio, entregue aos cuidados de psiquiatras, tendo me deixado a casa em herança.; que me liguei a bandidos, participando, como receptador, dos atos da delinqüência.; que me vi enleado na gosma consciencial, para o sofrimento cármico de quem ofendeu a natureza intrínseca das criaturas e que recebi o afeto de diversos seres importantes para mim, mamãe à frente de todos.; que realizei todas as atividades relatadas no etéreo, inclusive participando de excursões à Terra, para conhecimento dos fatos recentes, desde o tempo em que fiquei preso no Umbral.; que recuperei, acredito, completamente, os dons da inteligência e da utilização mais ou menos correta da linguagem vernácula, capacitando-me a esta realização gráfica.

Se algum informe não for verdadeiro ou similar ao que me ocorreu, terá passado através de minha ignorância dos fatos, uma vez que não tenho como dominar as ações das pessoas, o que compreendo perfeitamente, para não esbarrar em presunções descabidas.

Eis que abro aos leitores as portas do coração, para que vejam dentro dele os fatores de risco, ou seja, os pontos obscuros que não quero evidenciar. Explicando melhor, podem os amigos conjeturar, da mesma forma que escondi diversos elementos importantes para a revelação de quem fui no Orbe, que tenha subtraído acontecimentos ou caracterizações psíquicas que poderiam oferecer perigo para a manutenção do equilíbrio espiritual das diversas personagens do drama.

A longa retrospectiva tem razão de ser. Veremos.

Mercedes, que descrevi como santa criatura no capítulo inicial, ficou-me devendo...

Não sei como tornar sem efeito os dizeres anteriores, sem passar o sentimento de que estivesse malbaratando o tempo de todos os que se dedicaram à leitura. Mas foi recente a descoberta de que meu pai agira em detrimento da própria estabilidade psicológica, por aborrecimentos provocados por Mercedes. Quando o casal se viu endividado, a mulher não perdoou o marido, pela descoberta (infelizmente?) de que muitos dos bens poderiam ter sido mantidos, se não tivessem sido desviadas importantes somas para as mãos de outra ou outras mulheres de ocasião.

Azucrinando a paciência do marido, Mercedes favoreceu, tremendamente, o crescimento da resolução dele de atirar na própria cabeça. Nós, os filhos, não captamos, na época, a extensão dessas prerrogativas da intimidade conjugal. Eu consegui apanhar o mal-estar dos cônjuges, assimilando-lhes os procedimentos por via subliminar, isto é, educando-me inconscientemente para futura aplicação nos mesmos moldes. Dessa forma, posso levantar a suspeita ou a razoável dúvida de que o meu tiro tenha sido a repercussão, em conjuntura apropriada, do balázio que levou meu pai.

Utilizando-me do mesmo raciocínio, deverei concluir que Mercedes também me indicou caminhos de redenção psíquica, avisando-me das teorias espíritas. Mas uma coisa é a flagrante e incisiva influência dos fatos e outra é a tênue e problemática sugestão dos argumentos.

Por que Mercedes (esta é a pergunta que me faço) não tem aparecido para confortar-me, em visitas rotineiras de espíritos protetores? A sua ausência me põe alerta para os seus desvios de personalidade, apesar dos conhecimentos espíritas hauridos desde há tempos. Se sua formação fosse aquela que presumi no dia em que a descrevi gloriosa, não seria lógico que voltasse a se mostrar a mim, acarinhando-me, como fazia quando apenas eu era o seu filho do coração?

Jeremias abana a cabeça, em sinal de censura. Sinto-me o vilão da história. Sei que deveria vibrar em favor de minha mãe, ainda mais se visse confirmadas as suspeitas. Como, porém, nos aspectos mental, sentimental, intelectual, espiritual, prometi ser verdadeiro, não posso deixar de exprimir o que me vai no âmago do ser, precipitado, talvez, mas leal para com as normas estabelecidas para esta participação.

Quero deixar em suspenso as demais ilações que me têm ocorrido, a partir de reflexões fundamentadas nas descobertas das intrincadas maneiras pelas quais as sensações se condensam no cérebro, tendo em vista eu mesmo me aceitar como complexo e malicioso. Transfiro para as outras criaturas o que deduzo de mim. Não poderei, no entanto, rejeitar essas fulgurações que a percepção mental me decifra.

Não estará, no entendimento desse tipo de reação psíquica, a razão de não desejar revelar-me completamente?

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