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Erotico-->12. REVOLTA INÚTIL -- 26/02/2003 - 08:14 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Sempre que me dediquei a contrariar os dispositivos da sorte, ao me ver atribulado, pressionado, coagido a aceitar os eventos, por inexoráveis, por irretorquíveis, por incontornáveis, deparei-me com situações extremamente desagradáveis, estressantes, desesperadoras. O ponto máximo desses acontecimentos foi a morte dos filhos, contudo, pior foi o tempo em que desejei desfazer as conseqüências do suicídio.

Certa vez, quando estudante, no curso primário, elaborei cola de mapa que não consegui mentalizar. Gostava de estudar mas certos pontos não me entravam na cabeça, especialmente quando não me punha a decorar ou a aprender, por ter ido jogar bola, brincar com os parceiros, ver um filme etc.

Pois bem, o professor me surpreendeu com o croqui, crivado de nomes de rios, de montanhas, de cidades, que pretendia decalcar sobre a folha da prova. Nem era o mapa solicitado, mas foi o bastante para me acusar de ladrão intelectual e de outros epítetos desairosos.

O fato de haver decepcionado o mestre não me perturbou. Aliás, nem me ocorreu que estaria realmente bravo comigo. O que me magoou foi ter sido flagrado, foi a ingenuidade em que me vi descoberto e nas mãos da autoridade. Levei um zero para casa e a recomendação de receber descomposturas de minha mãe.

Na ocasião, não me despertei para o fato de ter realizado a proeza pouco tempo depois do “assassinato” de papai. Também não vi nenhuma relação com a viagem para a casa dos avós. Mas a vergonha me atormentou os dias e prometi jamais cair na esparrela de me oferecer de novo ao holocausto da memória.

Provavelmente, tenha sido essa a causa de não me haver destacado na escola, porque, quando não tinha certeza dos pontos argüidos, preferia deixar em branco, conquanto me ocorressem teses plausíveis, que, posteriormente, se demonstravam verdadeiras, durante a correção.

Certa feita, comentei com colega que tivera tido a inspiração correta mas que não havia colocado no papel. Recebi solene vaia da turma, como se estivesse tentando mentir para me vangloriar. Esse segundo episódio me fez ainda mais recatado intelectualmente.

Agora, juntando todos esses aspectos mentais, vejo por que não me queria em maus lençóis com os colegas de profissão, preferindo demonstrar sabedoria apenas com os jovens inexperientes do escritório.

Já funcionário público, alheei-me dos companheiros, tornando-me casmurro, por força da expulsão da Ordem, a qual, na época, considerei injusta e atrabiliária. É que também aí fui surpreendido com a mão na massa, esquecido das represálias da puberdade, influenciado pela impunidade reinante, já que os apenados são os que não possuem recursos financeiros. Melhor dizendo, os pobres vegetam na cadeia, enquanto os ricos saem afiançados ou gozam da regalia da prisão domiciliar ou da reclusão noturna, nos albergues militares, com toda a mordomia.

Tendo ficado visado pela família, juntei a tudo a vergonha das atitudes infelizes de Criseide e me ensimesmei, abrindo-me em alegrias apenas com Francisco e Geraldo, âncoras de minha vida.

Por essa época, Mercedes estava imersa nas atividades espíritas, de forma que nos dedicava tempo apenas nos finais de semana, porém, com a agravante da companhia dos gêmeos, que me apoquentavam a paciência.

Deveria dedicar todo um capítulo aos olhares e sorrisos à sorrelfa das cunhadas e aos rasgos de ousadia dos sobrinhos, em relação aos primos. Mas compreendo que as pessoas aprendem a ser maldosas, na tentativa de defender o “status quo”, a segurança social que o dinheiro e os negócios lucrativos, sob o dossel da lei, lhes oferecem.

Se perguntasse a eles por que agiam agressivamente, iriam dizer-me que era ilusão minha, que não estavam interessados. Entretanto, sentia as alfinetadas, as indiretas, as insinuações, as referências a casos semelhantes, em que as personagens obtinham seu quinhão de sofrimento pela repulsa dos amigos e da sociedade em geral.

Atualmente, pelo que me foi dado examinar, não se lembram de mim sem me censurarem, acerbamente, a irresponsabilidade do trágico acidente e a loucura do suicídio.

As experiências do etéreo fazem-me prever, para irmãos e cunhadas, retornos tranqüilos após a morte. Contudo, deverão regressar à carne muitas vezes, porque estão fortemente presos a si mesmos, no orgulho imbecil de se aproveitarem da vida, sem se condoerem pela condição dos pobres, dos miseráveis, dos incultos, dos famélicos. Integraram-se à realidade. Eis tudo.

Utilizei a mesmice das realizações dos gêmeos, para opor ao sentido da revolta que terminei imprimindo à personalidade. De tanto ver triunfarem os poderosos e de se safarem os malfeitores, terminei realizando o temor de Rui Barbosa, ou seja, dei-me o direito unilateral de fazer segundo o que me ditava a vontade, agindo à revelia da legislação, até mesmo na citação das doutrinas jurídicas, em descompasso com os temas da pauta. Isso quando atendia no Fórum, defendendo os criminosos. A rebeldia deu no que deu e perdi tudo ou quase tudo.

Precisaria juntar a influência perniciosa de Criseide, não tanto no sentido de me incentivar as atitudes desregradas junto ao tribunal, mas pela exemplificação dolorida da mórbida falência da instituição do matrimônio e, por via de conseqüência, da estabilidade familiar.

Quando reúno tantos fatores para explicar as causas dos fracassos, sou obrigado a desconfiar de que a fragilidade estava na formação moral intrínseca, a que carreei para a vida desde o plano da espiritualidade.

Neste estágio atual de assimilação dos defeitos de postura perante a verdade (e não estou fazendo referência ao domínio da sociedade sobre o cidadão), preciso ressaltar que a assunção da responsabilidade está a exigir de todos que ajam em consonância com os anseios mais puros da solidariedade, o que se alcançará se nos compenetrarmos do valor de cada pensamento transformado em ação.

O ato de redigir esta peça está mais ligado aos meandros sinuosos dos argumentos que não se fixaram definitivamente como reais do que com o intuito de concluir à perfeição a respeito de quais serão os meios mais eficazes para a superação das deficiências.

Aproveito para levar aos companheiros de trabalho a intuição de que todo o esforço de transmissão aos encarnados vá fazê-los confundirem-se, prestando atenção aos meios como se conclusões fossem, tornando absoluto o que é precário e incompleto.

De qualquer forma, vale o exercício para a notificação de que nada é simples ou fácil, quando se trata da análise dos acontecimentos vitais, porquanto o que existe é processo que se alimenta continuamente das informações arquivadas no cérebro, até o esgotamento de todos os fatores, porque atuam conjuntamente para a consecução dos objetivos conscientes ou inconscientes.

Daqui a impressão que o texto deixa de que está argamassado de forma irregular, sem vinculação estrutural aos conteúdos moral, intelectual, sentimental de meu espírito. É que ninguém é, definitivamente. Todos somos em transformação, em especial quando estamos empenhados em melhorar, a partir da execração dos vícios e imperfeições de caráter.

Não posso afirmar que tenha lastreado a inutilidade da revolta, mas garanto que persuadi a muitos de que devem atentar mais percucientemente para cada particularidade do ser.

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