Alma Escravizada!
Iracema Zanetti
Vou sim, lavar minha boca,
desejo escravizá- la,
fazendo-a lembrar-se do perfume
e o gosto dos derradeiros beijos !
Vou sim, lavar minhas mãos...
enlouquecê-las para que não esqueçam
dos teus toques e nem as brasas do teu corpo.
Nem meus olhos lavarei, neles ficaram a imagem...
e os rastros dos teus toques na sagrada profanação
do teu olhar que não lavei.
Vou sim, lavar meu corpo, para sentir
a falta do odor do amor, santo e profano!
Vou sim, lavar teu olhar, para que sintas saudade
das partes secretas e profundas que exploraste
avidamente para conhecer-me as entranhas!
Vou lavar, sim, os panos em que nos deitamos,
onde deixaste nódoas do teu néctar espalhadas !
O espelho jamais limparei, quero descobrir
em seu avesso se nele ficaram marcas visíveis
da entrega total de nossos corpos,
sem pejo, sem amarras, a imaginar-nos nas posições de amor que nos tornavam loucos!
Não lavei não, minha alma,
quero-a continuamente lasciva e devassa,
para que esteja totalmente pronta, para cada encontro no tapete da sala, rodeado de macias almofadas!
Não perfumei meu corpo...
Quero o perfume do teu sêmem o perfumando!
Como se eu houvesse esquecido do cheiro,
da rigidez e do sabor do teu sexo me amando!
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