Olhos fechados, cabelos molhados,
entrelaço meu corpo, abraço quadris
e sinto os flocos macios de água
espargindo no alto da cabeça,
fachos de luz inundando a testa,
num fluxo livre de ondas,
amorosas e prazeirosas...
Sou...estou entregue,
ao carinho da água que me envolve inteira,
descendo em riscos molhados pela coluna,
deslizando nas nádegas, insinuando caminhos lúdicos,
ocultos entre as coxas que criam sensações libidinosas,
e desembocam no encontro líquido de doces águas...
Em indelével deleite, minha pele pulsa,
meu corpo vibra nesse prazer solitário,
molhado por fora, alagando por dentro,
aquecido e energizado pela água,
elemento feminino que rege à nós mulheres...
feitas de pura emoção,
mães de todas as crias, paridas, suadas,
doídas, vazadas, explodidas em paixão.
E aninhada nesse abraço molhado,
faço de um banho um momento eterno,
Entrego-me...sou Ela...Senhora da Criação...
fundida, perdida, encontrada.
Sou feita de água, que deságua,
lágrima, sangue e tesão...
sou lava quente, ebulição condensada,
sou alma crescente, fêmea saturada,
sou rio de prazer, silêncio em paz,
plena de querer, sou nau e sou cais...