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Erotico-->22. IDENTIFICA-SE O GRUPO -- 20/12/2002 - 07:28 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Estranhamos a presença de outros professores na sala. Conhecíamos a maioria de vê-los pelos corredores. Era novidade agradabilíssima, mas não atinávamos com sua função junto a Mário. Teria o instrutor solicitado socorro? Estariam os mais antigos vigiando a atuação do mais novo, assessoria obrigatória, de tempos em tempos? Levantávamos as hipóteses, cochichando uns com os outros.

Mariana conhecia quase todos pelos nomes:

— É gente importante. Não tanto quanto Maciel mas estão aí os da primeira linha administrativa da escola: João, o que se posta do lado direito de Mário. Ao lado dele, Homero, depois Álvaro e Marcelo. Do outro lado, Frederico, Marta, um que não conheço e Edmundo.

— O que você não conhece, informou José, é Hermínio. O que você chamou de Edmundo é Manuel. A ele já fui apresentado. Tenho certeza.

— Não será Manuel Edmundo ou vice-versa?

— Isso eu não sei. Sei que regem turmas mais avançadas.

Alfredo se introduziu na conversa:

— Não é tão rígido assim. Meu instrutor me esclareceu que os mestres aceitam qualquer grupo de alunos, independente de nível de adiantamento. O mais eclético não está aí. É Otávio, didata e pedagogo, capaz de ministrar aulas para o pré-primário e cursos de pós-graduação. Sempre interessado nos métodos, nas práticas, desenvolvendo bem qualquer tema. Vocês ainda vão encontrar-se com ele.

— Nós, meu caro. Nós. — Era José, sempre querendo consertar ou concertar as coisas e as pessoas.

Mário fez as apresentações, correspondendo exatamente aos nomes que lhes foram atribuídos. Manuel era mesmo Manuel Edmundo. E Mário explicava:

— Temos muitos homônimos com o nome de Manuel. Assim, o mestre presente, resolveu juntar os apelidos de duas encarnações. Há quem passe de Manuel a Emanuel e outros que aceitam as confusões, divertindo-se. Sempre há o que aprender ou ensinar com as novas amizades...

Queria o Professor passar a palavra a João, para os comentários, mas se viu solicitado a dar a vez a Marta, que faria a prece rogativa das bênçãos do Pai, para que os trabalhos se realizassem em paz:

— Senhor, estendei manto de proteção sobre a turma iniciante. Estamos muito imaturos, discutindo temas da mais elevada moralidade evangélica. É preciso que nos deis amparo, para podermos suportar as tremendas cargas conscienciais. Imprimi nos corações a confiança em vossos poderes de benignidade, de misericórdia e de justiça. E despertai-nos a fé em que seremos capazes de suplantar as deficiências interpretativas de vossas leis. Muito obrigado, Senhor, por tudo o que progredimos, em tão pouco tempo. Muito obrigado, Senhor, pelas luzes dos mensageiros, que nos conservam atentos para as dificuldades, sem tropelias e sem acusações. Muito obrigado, Senhor, por contarmos com amigos tão fiéis e sábios, capazes de orientações oportunas e precisas. Favorecei, Pai, que reconheçamos o vosso amor, fazendo prevalecer a vossa vontade sobre a nossa. Assim seja.

Terminada a oração, João ergueu os braços sobre a assembléia e vimos crescer sobre nós magnífica capa de luz refulgente, formando tranqüilizante cúpula. Extasiávamo-nos, quando percebemos que os eflúvios desapareciam, como se desfaz o nevoeiro matutino. Estava pronto o auditório para as explicações superiores.

João assumiu a palavra:

— Queridíssimos irmãos, temos acompanhado o desenvolvimento dos debates entre os amigos da turma. Os que aqui se encontram vibram uniformemente pelo diapasão das culpas provocadas pelo medo da ofensa maior ao Senhor, que nada se compara ao suicídio, pela estreita visão da consciência abalada. Se pudéssemos, percorreríamos todas as almas na Terra, pondo-lhes o sagrado temor do desperdício da oportunidade de progredir. A aula do dia reservou-se para as apreciações a respeito das influenciações sobre suas personalidades dos desrespeitos, ofensas e crimes da sociedade, em geral, ou de pessoas, em particular. Não fazemos mistério de que temos conhecimento do que se passa em cada cabina individual, pois as vibrações que se registram são transmitidas para o núcleo de reconhecimento de problemas do ministério do esclarecimento, onde técnicos analisam os resultados parciais e deduzem o que possa vir a ocorrer nas reuniões. Estamos presentes, de maneira especialíssima nesta data, para oferecer-lhes os subsídios da experiência nesse campo. Tivemos trinta e três equipes de suicidas, de sorte que sabemos quando há riscos para a integridade sentimental dos alunos.

O que João estava contando não se constituía em total novidade, pois sabíamos que havia condutos informativos entre o departamento e o ministério. O que não esperávamos é que os temas íntimos do grupo pudessem refletir-se, como ponto de preocupação, nos planos mais elevados.

João prosseguia:

— Vamos permitir que os representantes dos grupos debatam livremente as conclusões a que chegaram. Na realidade, conforme nos alertou Otávio, está havendo excessivo descritivismo nos relatos dos problemas, sendo muito raras as apreciações de caráter conclusivo. Enquanto os orientadores pessoais se interessam em nortear os pensamentos pelas leis, os discípulos se predispõem a admirar as ocorrências, os fatos, as reações, os efeitos, os fenômenos, deixando as causas de lado. Vejam que não estamos referindo-nos às causas imediatas, como no caso de que a dor tenha sido provocada porque se encostou no ferro em brasa. O que desejamos é saber por que o ferro estava em brasa e por que o sujeito se encostou.

Pensava comigo mesmo que o mestre era muito cônscio dos deveres, desejando ver os alunos progredirem com segurança. Dava orientações que contrariavam, de alguma forma, o procedimento das descobertas através das discussões. Mas considerava as possíveis razões dele e chegava à conclusão de que o método heurístico (Honorato deveria estar exercendo o seu papel de influenciador), o método das descobertas pessoais, por meio da pesquisa e das discussões subseqüentes, deveria estar sendo lento demais para a programação.

João fazia as últimas recomendações:

— Não se preocupem com o tempo. Gastem como julgarem melhor. Entretanto, saibam que existem maneiras mais perfeitas de se revelar a verdade. Aconselhamos, pois, que, antes de prosseguirem examinando os temas curriculares, se dediquem a avaliar os procedimentos que estão empregando. A maioria não tem prática nesse campo do conhecimento. Contudo, não estamos desejando que saiam para as lutas do socorrismo ativo sem terem assimilado proficientemente as melhores normas para a reflexão isenta de envolvimentos emocionais. Se deixarmos a impressão de que nos interessamos pelo progresso de cada um, sairemos imensamente felizes. Desculpem-nos os que estão achando que interferimos demais, especialmente porque muitos vieram preparados para debater o ponto programático e se vêem frustrados. Mas nada se perde, no âmbito dos aprendizados escolares, quando o que se elabora contém a chancela indiscutível da boa vontade e da experiência. Sendo assim, tudo o que desejavam ver exposto aos colegas, será, em tempo hábil de fomentar reações adequadas para a elucidação dos tópicos. Fiquem com Jesus nos corações!

Rapidamente, os mestres se retiraram.

Mário nos chamou a atenção para um fato inusitado:

— Vocês repararam quanto tempo decorreu desde que Marta iniciou a prece?

Ficamos admiradíssimos: cerca de trinta segundos. Tudo o que se disse e se fez se condensara em trinta segundos. Impressionante!

Honorato veio em meu socorro:

— A técnica utilizada foi de absorção da atenção. Não se deu tempo a que ninguém pudesse refletir sobre o que se imprimia nos cérebros. Ajustou-se no ponto zero o relógio das emoções. Abriu-se a capacidade intelectual ao máximo. Se projetássemos o filme da sessão, veríamos todos movimentando-se com extrema velocidade. Isso é possível quando se adquire controle das energias, a ponto de facultar aos seres sob influenciação que permaneçam favoráveis a que os eventos decorram em harmonia com as expectativas de realização existencial. Em palavras mais fáceis: trata-se de pura empatia vibratória, em que nenhuma reação contrária se verifica.

Envolvido pelas explicações de meu avô, notei que utilizara a mesma técnica, tendo levado não mais que quatro segundos para me passar as idéias.

— Como reagirá o grupo?

— A definição de aceitação ou de repúdio da intervenção se dará em seguida. Vamos prestar atenção, para saber como é que Mário conduzirá os debates.

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