Nas gélidas mãos
busco aquecer as lembranças
dos tempos que beijávamos
Sem bocas.
Falta-me o calor da cama
Sob nossos corpos efervescentes
Turbilhando gestos descontínuos
Desconexos de um padrão conformista.
O granito áspero da pedra que fizemos amor,
Sob testemunho de um sol ciumento,
Deflorado por uma cachoeira sêmen,
Que transbordava da boca faminta e quente...
A cabeça esquivando, mas presa em mãos firmes,
Presas em teus cabelos, o beijo na nuca,
A respiração efervescente, a voz quase rouca,
Não podendo apenas se controlar.
O giro que o prazer não esquece,
Únicos moldes encaixados em fenda
Um unicórnio nas nuvens sonhos
Em galope a pulso e chifre.
Estou aqui gritando em boca seca
A saudade de um corpo úmido
A língua que sente presa
A fala que não me cala.
E teu calor...
Calor do teu...
Rendo-me.
Avivo-me.