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Erotico-->EPÍLOGO DE “PEQUENA VIAGEM AO MUNDO DOS CRIMINOSOS” -- 31/08/2002 - 06:14 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Corria o ano de 2.02l.

Em cálida tarde de verão, Alfredo foi recebido pela família no etéreo. Tinha o corpo espiritual em frangalhos, mas foi acolhido em glória, pois, durante mais de trinta anos, cuidou para que a família progredisse, tendo deixado vários netos para serem encaminhados para o socorrismo fraternal do centro.

Dos filhos das primeiras aventuras, apartou-se completamente no que dizia respeito ao plano terrestre, mas buscou conciliá-los com a doutrina, através da família de Carlos, por meio de quem fazia chegar-lhes as noções espiritistas, pois não se cansava de prodigalizar-lhes os livros antigos e modernos, no intuito de vê-los integrarem-se à causa comum. Por várias vezes, precisou vencer a tentação de se revelar a eles, sempre impedido pelas ponderações da esposa e do irmão.

Não é preciso dizer que seu acompanhamento a distância foi secundado pelos espíritos amigos da família, a quem coube a iniciativa da recuperação de todos para as virtudes evangélicas. No momento em que Alfredo se apartou das lutas na carne, bem pouco se havia avançado naquele trabalho redentor.

Carlos havia precedido o irmão de alguns meses, de modo que pôde ser recebido em festa. A esposa ficaria no campo denso durante algum tempo mais, até ver frutificar o amor divino junto aos netos e bisnetos. Era Catarina quem, verdadeiramente, mantinha a parte mediúnica livre e desimpedida para os contactos dos instrutores e benfeitores espirituais, dentre os quais pontificava a figura cada vez mais excelsa da amiga Adelaide.

Ao chegar, Alfredo desejou ser chamado de Jesualdo, pois foi por tal nome conhecido nos três últimos decênios, momento em que labutou duramente para desfazer os nós que fortemente havia dado nas cordas da vida. Se não conseguira atender proficuamente o plano estabelecido antes do encarne, se muitos males acrescentara ao rol das dívidas insolventes, ao menos pudera reprimir a desabrida atitude que via no próximo o inimigo destinado ao abate e à submissão.

Não chegou a ser filósofo do espiritismo nem lídimo representante das forças da benemerência, mas seu grau de filantropia superou de muito o do comum dos mortais, atingindo o desprendimento completo de tudo, para oferecer à humanidade os recursos que lhe estavam disponíveis.

Jamais perdeu inteiramente a noção das culpas, de sorte que agia impulsionado pela necessidade de resgatar a alma, na precisa concepção de que onerara demais as contas. Mesmo que se despojasse de todos os bens, o que deixou de fazer para obter meios com que municiar a bolsa sempre pronta para o auxílio, ainda assim não conseguiria amainar os empuxos do arrependimento, que lhe proporcionavam longos períodos de depressão. Não fora a contínua ajuda da amiga do etéreo e a assistência diuturna da esposa e companheira, por certo teria resvalado para a falência moral tão temida pelos socorristas.

No entanto, a sua organização física se manteve hígida. O velho hábito de cuidar do corpo possibilitou-lhe usufruir saúde perfeita, até que se viu abatido por pertinaz tumor cancerígeno, que o prendeu ao leito nos últimos tempos. Nesse período, pretendeu deixar de ingerir os sedativos para sufocar-se pela dor, mas lhe veio a inspiração de que o sofrimento iria aliená-lo da parte final do roteiro estabelecido para a recomposição. Na verdade, aquela fase destinava-se à reflexão a respeito da necessidade de se formularem diretrizes claras para os próximos passos existenciais.

A agonia do trespasse foi lenta, mas a assistência dos amigos lhe deu certo conforto íntimo de que todo o padecimento reverteria em benefício. Compreendia que se iniciava a expiação de caráter espiritual.

Chegou compungido e arrependido. Lágrimas de vergonha rolavam-lhe pela face. Lembrou-se das formigas que um dia lhe atormentaram a consciência e temeu encontrar-se com multidão de inimigos assanhados para devorá-lo. Entretanto, além das lancinantes dores de difícil desenlace, só sentia mesmo eram os vigorosos eflúvios energéticos emanados dos amigos.

Mas o plano espiritual tem recursos para suavizar os sofrimentos de quem se arrepende, de modo que, assim que se desvencilhou do corpo físico, foi carregado inconsciente para instituição hospitalar adrede preparada para recebê-lo.

Pela primeira vez saía da vida sem precipitar-se nas profundezas do báratro.



Neste momento, Jesualdo consegue reconhecer todos os amigos e aspira por ir em socorro daqueles que ajudou a perderem-se nas trevas. Vai ainda demorar muito para iniciar essa tarefa de amor, pois os cursos se lhe abrem à frente, como necessidade inadiável. Entretanto, assim que estiver apto, será integrado ao grupo onde estão Criseide, Marcos, Marquinhos, os demais sobrinhos, Ângela, Nepomuceno, Josineida, Carlos, Adelaide e outros membros recentemente incorporados, dentre os quais há o vulto quieto de antiga enfermeira, a figura apagada de famosa cantora, o brilho resplendente de certo capitão e hoteleiro, a mansuetude benevolente de diversos integrantes do Centro Espírita do Amor Divino e do Apóstolo do Amor.

Em destaque, na parede, a relação dos amigos encarnados e desencarnados que merecerão do grupo atenção e carinho.

Em breve exortação, Virgílio acaba de convocar a presença dos membros da equipe para externar votos de felicidade pela luta que empreendem, fazendo juntar aos esforços de todos mais esta pequena contribuição, ambicioso intento de levar aos mortais a preocupação e a ajuda dos que conhecem a necessidade do procedimento em amor e pelo amor de Deus.




Fiquem todos na paz do Senhor!

Graças a Deus!




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