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Erotico-->31. VIRGÍLIO EM CAMPO -- 18/08/2002 - 07:56 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Assim que Carlos se afastou para o lar, Virgílio procedeu-lhe a inúmeras vibrações de recomposição magnética do quadro perispiritual, a fim de lhe manter o tônus adequado para referir-se aos acontecimentos à família, que o aguardava reunida em casa.

Relatados os fatos, espantou a todos a fleugma e o desplante do parente. Quiseram saber a respeito do envelope, se havia despertado, pelo menos, a curiosidade. Nada. Então, julgaram que o caso era bem mais sério do que pensavam. Suspeitavam de obsessão. Viam que o mal estava enraizado na personalidade.

Catarina, especialmente, desejava saber a respeito de algum estremecimento fluídico, algum arrepio inoportuno que Carlos pudesse ter sentido. Nada. Então, concluíram que tudo poderia definir-se no campo da matéria mesmo. Sabiam, e nisso todos estavam de acordo, que o plano da malignidade situado no etéreo tinha participação nas ações criminosas, mas haviam avaliado erroneamente o poder exercido sobre Alfredo.

Finalmente, puseram-se todos a orar e Catarina colocou-se à disposição da espiritualidade para a devida orientação a respeito do que vinham fazendo. Faleciam-lhes as forças e temiam pelo revide de seu alvo de amor. Pela configuração moral a que fizera menção Carlos, queria-lhes parecer que Alfredo estava plenamente consciente de todo o mal que praticava, pelo menos no que se referia a ter domínio completo das reações psíquicas. Estaria realmente na hora da revelação? Começavam a arrepender-se por terem encaminhado a carta de Ângela, denunciadora da verdade.

Virgílio ouviu as queixas de cada coração, pois apresentavam-se temerosos e isso só demonstrava falta de fé no poder de Deus e de confiança na assistência espiritual. Sem que se ativesse, contudo, a esses aspectos negativos, tomando o punho da médium, produziu página em que se evidenciava claramente que, através do amor, qualquer pessoa poderia ser encaminhada para a salvação. Não fora Jesus quem determinara aos apóstolos que percorressem o mundo e que levassem a boa nova a todos os povos?! E entre estes povos, não estavam os romanos dissolutos?... Pois que a família se ativesse a orar, na expectativa dos próximos passos. Não se precipitassem, mas fizessem o melhor de sua capacidade, para o auxílio oportuno a todos os carentes de ajuda, junto ao Centro Espírita do Amor Divino. Para breve, haveria outro contacto com Alfredo, mas que fosse ele a dizer a primeira palavra. Não temessem que tudo na vida e na existência tende para o mesmo fim: o encontro final com Deus. Aproveitassem a fase atual de suas vidas, que era de pura realização espiritual. Ficassem com o Senhor!

Lida a página de muita inspiração, todos viram nas palavras ali impressas a corajosa atitude de quem marcha ao lado de Deus. Não havia que desesperar. Foi com esse ânimo que passaram a aguardar o próximo encontro.



Em seguida, Virgílio reuniu o seu povo no etéreo, para a primeira aproximação conjunta. Para que o efeito ficasse o mais perto possível do programa de assistência, precisava verificar se todos se dispunham com ânimo forte para passar pelas barreiras. Era o momento em que Alfredo se afastava dos amigos e se punha diante do envelope lacrado.

Marquinhos, que fora o único a não se entrosar, já oferecia plena condição de se integrar ao grupo, de sorte que, alertados os mentores de todos através de preces lúcidas e objetivas, pedida a bênção a Jesus e conclamado o concurso do Senhor, puseram-se a caminho.

A festa desregrada atraiu as atenções de quantos se deixavam envolver pelas sensações da carne. A densidade perispiritual dos guardiães estava impregnada dos mais desajustados desejos de prazer, de modo que, enquanto o sabá se desenvolvia, era possível contornar a sala da orgia sem despertar suspeitas. Foi assim que todos do grupo puderam presenciar as reflexões levadas a cabo por Alfredo naquela noite.

A cada menção que fizera aos parentes, deixara-os consternados e arrependidos.

A acusação à mãe surpreendeu Josineida em aspecto imprevisto. Jamais tivera sequer a desconfiança de que tinha deixado no filho impressão tão desabonadora. Doía-lhe a consciência por tê-lo afastado do campo íntimo da sensibilidade. Pesava-lhe o fato de tê-lo rejeitado ainda no ventre. Que tudo isso, porém, se tivesse passado para a consciência do filho foi golpe que recebeu e sentiu. Ali mesmo ajoelhou-se e, em oração, pediu, em nome de Deus, que o filho a perdoasse.

Virgílio solicitou o concurso de Adelaide e do avô de Criseide para o amparo energético à pobre senhora, que tanto bem fizera em nome da casa espírita.

Nem bem conseguiram dar sustentação à mãe, cai o pai em pranto convulsionado. Fora sua vez de receber do filho a recriminação poderosa. Nepomuceno acreditava-se quite com o mundo, tendo contribuído decisivamente para o soerguimento material e moral de diversas famílias. Não se satisfizera com isso e trabalhara para que os filhos seguissem o pensamento do pai. Não lograra êxito, mas pensara que a semente plantada daria frutos. Não estavam Marcos e Carlos plenamente recuperados?! Como pudera desleixar tanto relativamente a Alfredo?! De joelhos, ao lado da esposa, confundiu com as dela as suas lágrimas de arrependimento e dor.

Ao se ver citada com carinho, Ângela pensou que Alfredo estava confundindo os fatos. Ao ver os quadros de sua memória juvenil se desenharem à sua frente, notou extraordinária semelhança com as próprias recordações: ambos estavam rigorosamente impregnados da maior voluptuosidade, mas a tela em que se representava a sua lembrança esbranquiçara-se, enquanto a do tio e amante tomava as tonalidades vermelho-escuras de sua paixão. Dir-se-ia a representação de uma ninfa ao lado da produzida por um fauno. Uma poética e translúcida.; a outra carnal e sanguinolenta.

Ângela uniu-se aos avós em prece, pois fora a única que não recebera o impacto da verberação. Sabia que errara, mas conhecia a extensão e a propriedade de suas responsabilidades. Viu a manobra sutil da psique do tio a arremessar as culpas sobre os demais, nas queixas que acreditava justas, porque vistas de ângulo único.

Com olhar percuciente, notou Virgílio que Ângela começava a perceber o enleamento de Alfredo nas recordações, o que demonstrava claramente que não se sentia seguro de si e de seus atos. Virgílio conhecia a intenção íntima do pobre facínora de entender os mecanismos da existência no plano espiritual, mas precisava fazer com que todos sentissem o quanto de hipocrisia poderia conter-se em tal aspiração.

Marcos e família atribuíram as acusações que lhes foram endereçadas a desequilíbrio moral e intelectual. Cada qual sentiu a vergastada que levou, mas não estremeceram nem refutaram como algo a que se valesse a pena referir. Perceberam que Alfredo, de algum modo, tinha noção da presença deles ali e, por isso, precisava dizer-lhes de suas razões, para justificar as atitudes de total irreverência evangélica.

Quando Alfredo se lembrara de que havia massacrado durante a vida diversas pessoas, ufanando-se de ser mais poderoso que qualquer criminoso conhecido, a sala fora invadida por multidão de espíritos em descontrole emocional. Mas a presença ali de equipe tão ordeira e com reflexos tão evidentes de que atuavam em favor do amigo fizera com que os mais alterados recuassem e desaparecessem. Alguns recém-chegados quedaram por ali a observar o trabalho de vigilância espiritual, de modo que puderam ser arregimentados, para os esclarecimentos das inúmeras interrogações. Uns poucos deixaram-se convencer pela argumentação de que o bem praticado atinge também quem o pratica, mas a maioria abandonou o local, prometendo surpreender o antagonista sozinho.

O grupo de Virgílio acabara agindo na proteção ao desarmado senhor, justamente com o mesmo efeito dos guardas de plantão.

O alvoroço assustou os pais de Alfredo, que ignoravam que o ódio pudesse assumir proporções tão grandiosas. Virgílio, rapidamente, reconduziu-os à prece, para que se formasse campo vibratório para o fim que tinha em vista.

Restabelecidas as condições ideais de influenciação intuitiva, Virgílio instalou-se ao lado do perispírito de Alfredo e, por meio desconhecido dos que ali se concentravam para o efeito, colocou na mente do protegido a idéia de não abrir o envelope, sugerindo-lhe a alternativa da pesquisa consciencial. Em seguida, restabeleceu-lhe o vínculo carnal, friccionando fluidicamente o pescoço e enrijecendo a musculatura para o efeito do desconforto. Daí a fazer-lhe brotar a idéia do relaxamento e do banho sulfuroso foi fácil. Estava realizado o seu intento, conforme o programa que estabelecera.

Enquanto Alfredo se dirigia para a noite tranqüila que por ele esperava, a turma de assistência preparava-se para o primeiro embate no plano da espiritualidade. Na manhã seguinte, Alfredo despertaria com idéias novas.

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