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MAURO VELASCO E VALENTINA FRAGA, SEMPRE SE FUNDINDO DE ALGUMA FORMA. OBRIGADA
SONHOS ARDENTES 2
Na noite,
mergulhada em sonhos indecentes,
(eu te imagino transparente, entre os lençóis,
roçando as pernas entre si, tocando seu próprio sexo,
eu te imagino a imaginar nossos corpos enroscados)
chegava primeiro o teu perfume,
antes mesmo que a névoa
se dissipasse,
pra deixar ver tua imagem.
(a minha imagem trêmula, de desejo e incertezas,
entre o querer e o não poder querer,
aproximando-se devagar enquanto
é o teu perfume que alimenta o meu)
Sentia o corpo trêmulo
pela expectativa do momento.
(ah, quanta espera, quantas lembranças,
quanto desejo contido,
quanta vontade recolhida,
quanto sonhos indecentes na mente)
Não demorava, pra que tua imagem
tomasse todo o quadrante
e o calor do teu corpo
tocasse meu corpo,
com a intimidade de costume.
(Sim, aquela intimidade
que faz meu corpo se aproximar
mesmo após tanto tempo
como se simplesmente estivesse voltando para casa)
Tuas mãos tateavam minhas formas,
meus cabelos, meu rosto,
até a chegada dos teus lábios nos meus.
O beijo aguardado, iniciava, tímido, a jornada,
a vasculhar milímetro a milímetro,
minha boca, até o meu céu.
a saliva era abundante,
enquanto minhas partes,
úmidas de desejo,
aguardavam tua chegada mais íntima.
(vasculhar-te, remexer-te, desarrumar-te, sondar-te,
descobrir-te, revirar-te, revolver-te,
invadir-te, dedilhar-te,
apalpar-te, desnudar-te, tatear-te,
mapear-te, desfolhar-te,
percorrer-te, penetrar-te, possuir-te, desfrutar-te)
Ainda por cima de tantas roupas,
sentia o pulsar do sexo teso,
à espera, pra mergulhar
no mais íntimo dos mundos,
o mundo das minhas entranhas
que aguardava sedenta,
despudorada, afoita e saudosa.
(o alpinista teso faz o caminho inverso,
pois escala teu corpo, mas não para cima,
escala teu corpo para dentro,
o alpinista erguido e duro,
não escala para o alto,
escala teu corpo para o fundo,
o alpinista segue entre a umidade viscosa
para dentro e fundo,
no mais íntimo dos mundos,
palmo a palmo da profunda intimidade)
Ali, se misturavam dois universos,
duas histórias, duas vidas,
em milésimos de energia dispensada,
despejada no intenso gozo sobre o outro,
pra que cada qual guardasse
da melhor forma na memória,
para depois,
poder sonhar.
(dois universos, duas histórias,
duas vidas
em paralelo
na contramão
contra a corrente,
mas que sabem se achar
e se reconhecer
e juntos,
no cenário do escritório no prédio,
ou da cama no motel,
sabem fundir-se, forjar-se, foder-se,
e extrair gozos imensos
de poucas horas que, depois, na mente,
se eternizam por meses sem trégua.)
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