A saudade é como um explorador,
que vasculha os mais íntimos sertões da minha alma.
Que me busca, me procura e me acha,
e mesmo nas mais tristes ausências
ainda é capaz de ver beleza.
Divide a memória de ontem
em pequenos retalhos,
que se multiplicam todos os dias
alimentando o sentimento
de pequenos fragmentos desses acontecimentos.
A lembrança de tuas mãos em meus cabelos,
das línguas entrelaçadas,
dos braços no mais enroscado dos abraços,
das pernas a envolver todo o corpo,
dos membros ligados até a alma,
do gozo explodindo num delírio sem igual,
dos gemidos e sussurros no ouvido.
A saudade se espalha pelo corpo
e pela alma, fazendo com que qualquer
dor humana, pareça-se com sua falta.
A saudade acalenta, perpetua o sentimento
e também machuca, como um espinho
cravado além da pele, além dos músculos,
além dos ossos, chegando à alma,
que de tão dolorosa, chora a dor
da mais profunda ausência,
que chamo sempre de saudade.