Era nosso time em campo. Na quadra, pra melhor situar. E como se disputava
aquele torneio de futebol de salão entre colégios divinopolitanos, partidas noturnas,
na central praça de esportes da cidade!
E o São Geraldo, formado por seminaristas e alunos externos entrou para sua
primeira partida. Nosso adversário era o São Tarcísio, dos irmãos Cônsoli, um
goleiro e outro notório artilheiro.
Sem credenciais físico-técnicas para emparelhar-me com os colegas maiores
alinhados para aquela contenda, coube-me remoer minha amargura num dos
cantos externos da quadra, apinhada de torcedores, curiosos e outros remoedores,
de si, também ciosos.
Minha maior irritação veio quando no segundo tempo, já perdendo de 2 a 1
botaram o Derley, aluno do externato - que mais farol do que jogo fazia - para
salvar a nossa pátria. Por que não se lembraram de mim, pensei eu, e, na certa
tantos outros assim... Mas já era o fim.
E no entanto, enquanto o drama se desenrolava, ao longo daqueles quase
inexoráveis 40 minutos de peleja eis que, da platéia, sinto um corpo se emparelhar
ao meu, no semi-breu. Meus frescos 16 anos, ou eram quinze, a castidade
prometida e renovada a cada oração, nada podiam contra aquela proximidade
avassaladora. De olho em cada bola perdida, braços cruzados, estendi a ponta
dos dedos da mão esquerda, por detrás de meu cotovelo direito, onde o toque-
choque, mágico, fágico, era possível - e inevitável: um meio seio, veio, em cheio.
Apalpei, tremente, adeus a Deus temente. Era a labareda eternamente, queimando
almecorpo da gente. Pernas bambas, mais do que as do Derley, só balbuciar ousei,
pra uma resposta breve mas firme, como aquele peitinho, que viria:
Com´ cê chama?
Maria!
Até que se consumou meu medo: o jogo acabar tão cedo...