As portas são todas suas,
Entreabertas, batidas sem trancas,
Abertas, com luzes vibrantes,
Fechadas, em solitária escuridão,
Movidas por ventos fortes,
Por brisas leves,
Molhadas pela chuva,
Que em dias enegrecidos, vem com força,
Que em dias nebulosos, vem fraca, mas constante,
Inundadas por tempestades deliciosas, excitantes,
Em movimentos marcados,
As vezes barulhentas,
As vezes quietas, mornas, mansas,
Sonolentas, acalentadas por sonhos,
Pulsantes como o desejo que brota na madrugada,
E incomoda, lateja, tornando-a insone,
E acorda inquieta no amanhecer, buscando,
Recorrendo a pulsação mais imediata,
Ofegando, cansada, como quem não descansou; sonhou...
As portas, são todas suas,
Enlouquecidas, procurando você,
Deslizando pelo vão, das portas, abertas,
Convidativas, sentindo o sopro do prazer insinuante,
Levanto correndo, procuro você,
E no entreaberto das portas,
O vento contagiado pelo seu cheiro,
Ainda chama seu nome, como eco,
Gritando aos meus ouvidos,
Roubando meus sentidos, minha razão,
Minha eloqüência toda,
Minha certeza, só em busca de você
No meio das portas,
Que são todas suas...
E as fantasias, todas minhas,
No meio das portas...