Onde andas agora,
se é noite
e a vida apenas se inicia
e meus dedos dedilham aqui
os sonhos que sonho de ti?
Amargas o cansaço
e deitas sobre a cama
o corpo exausto?
Adormeces.
Fico a imaginar-te...
Talvez tenhas tombado,
tão prostrado,
que nem banho tenhas tomado
e as vestes
ainda são as que cedo,
na manhã,
do armário tiraste...
A noite é antes de tudo
o anúncio e o prenúncio...
E nela me desfaço
em mil versões...
E nelas a imaginação me assoma,
quer acompanhar teu sono,
tirar tua roupa,
banhar-te em espuma...
É hora de ir.
A vigília se reduz
a um abajur sobre a mesa.
Se eu dormir,
um livro de poemas
permanece à espera.
Sou sombra noturna,
que sonha com um corpo nu
envolto em brumas...