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Erotico-->40. BIANCA -- 06/03/2002 - 06:35 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

— Vó, vc. ‘taí?

Bianca buscava contato com Rosalinda, via ICQ.

— Fala, Bi...juzinho!

Imediatamente, ambas adquiriram a imagem da outra no monitor.

— Preciso conversar com vc.

— O canal está aberto.

— Sem áudio.

— Tudo bem.

— Não tem ninguém na janela?

— Exclusividade pra vc.

— Menstruei.

— Parabéns, querida. Mas isso é uma coisa natural. Por que o segredo?

— Pensei que pudesse estar grávida.

— Como pensei?!...

— Transei sem camisinha.

— Já falamos a respeito. Vc. quer pegar uma doença?

— Se esqueceu que tomei a vacina?

— Nunca se sabe. Acabaram com a AIDS, mas só depois que ela acabou com muita gente.

— Isso é coisa do século passado.

— Deste século, até um pouco antes de você nascer.

— Foi com o Wanderley.

— Aquele moreninho que conheci no teu aniversário?

— Até parece que te apresentei mais alguém...

— Ele me pareceu efeminado.

— Só pras mães e pras avós...

— E se vc. ficasse grávida?

— Punha o teu nome nela.

— Vcs. fizeram a seleção espérmica?

— Brincadeirinha!...

— Aposto que está armando comigo...

— Foi só uma idéia. Lá eu vou querer brincar de boneca?

— Vc. está é brincando muito.

— Mas é tão gostoso!!!!!

— Deixa tua mãe saber disso.

— Foi ela quem me explicou tudo e com os nomes certos.

— Ela é médica, mas não ia aceitar um neto tão cedo.

— Ia é me internar.

— Por que vc. está achando que eu não vou contar a ela?

— Porque vc. é muito legal e já enfrentou tudo na vida.

— Cuidado com o desrespeito!!!!!

— Vó, eu te amo!!!!!

— Bajuladora.

— É verdade.

— Que vc. me ama ou que é bajuladora?

— As duas coisas.

— Falando sério: vc. não acha o Wanderley muito imaturo pra assumir a responsabilidade de ser pai?

— Isso importa?

— A criança que não tem pai gera uma série de problemas na cabeça.

— Vc. criou a Beatriz sozinha.

— Quem cuidou de sua mãe foi sua bisavó. Mas o pai dela, vc. sabe muito bem, até agora a visita.

— O cara é professor aposentado. Vem com uma mão na frente e outra atrás.

— Não diga cara pro seu avô.

— O Lauro é muito folgado. Como é que vc. deu pra ele?

— Boca suja! Isso lá é termo que se use?

— Vc. foi quem me contou que era desbocada na minha idade.

— Era mesmo. Reconheço. Mas agora eu sei que existem muitas coisas mais importantes na vida. Falar bobagens é perda de tempo. Vc. gostou do meu último romance?

— Sério demais. Eu só fui até o fim porque queria saber como os três ex-maridos da heroína iriam dar-se depois de mortos.

— Vc. não achou o desenlace emocionante?

— Puro... Ia dizer deboche. Mas vc. não ia gostar. Então, eu te pergunto se essa solução de todos os espíritos continuarem com seus amores, relembrando os fatos da vida, não é imoral.

— Imoral seria se eles se odiassem.

— Vc. acha que o pai de Beatriz vai aceitar o pai dos gêmeos e também o Aristides?

— Isso é o de menos. Como é que as outras mulheres deles vão me aceitar?

— Bem faz minha mãe, que só transou com meu pai e vai poder ficar com ele pra sempre.

— E as encarnações anteriores?

— Eu não posso ser nem um pouquinho romântica?

— Ser romântica é bom pra sonhar com o Wanderley. A vida aperta os laços existenciais... Desculpe!!!!!

— Eu li muitas histórias infantis que as pessoas desejam um amor eterno.

— Nas histórias infantis, as personagens são idealizadas. Pra quem vem dizer que, aos treze anos, está transando numa boa, a realidade está chegando bem cedo.

— Vc. não aprova?

— Eu previno. Esse Wanderley deve estar indo com outras.

— É bom mesmo, porque eu não vou ficar com ele pra sempre.

— Contradição: não era vc. que desejava um amor eterno?

— Nos livros, vó. Só nos livros...

— Pois nos livros é que é bonito a mocinha engravidar. Eu passei a vida toda trabalhando com mães solteiras e vi quantos dramas precisam ser superados. Faça o favor de não cair nessa.

— Vc. está parecendo minha mãe falando.

— As experiências da vida são intransferíveis. Por isso é que existem pais e mães, avós e avôs, professores e pessoas mais velhas: pra impedir que os jovens sofram antecipadamente.

— Porque sofrer todos vão...

— Nem todos. Mas na loteria, poucos bilhetes são premiados. E eu não acho que o Wanderley mereça o prêmio.

— Vc. não gostou dele.

— Não sou eu quem tem de gostar.

— Tem gente querendo entrar. Tchau! Depois a gente conversa mais.

— Tchau! Bi...



Quando Rosalinda desligou, estava tremendo. Via a neta batendo a cabeça vida afora, até encontrar um viúvo que lhe dava serenidade e segurança. Mas precisou acrescentar à visão uma criaturinha de treze anos decidida a enfrentar os dissabores e as vicissitudes, porque acreditava que essa nova personagem poderia ser ela mesma, necessitada de vencer defeitos e de curar feridas.


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