A LENDA DO MARACUJÁ (lenda erótica)
Em uma tribo de índios do alto Amazonas, havia uma índia que era maravilhosa, exuberante, e virgem ainda, de nome Mara.; seu corpo era como o rio que margeava a tribo: cheio de curvas e recantos para regalo dos índios.; os lábios carnudos e doces como o mel da Jati.; os cabelos negros como a noite da floresta.; os olhos amendoados e brilhantes como os da Jaguatirica.Desejada por todos, estava prometida para o filho do cacique.A bela índia, entretanto, era a maior trepadeira da floresta.; mas só fazia sexo anal e oral.; a mata virgem, dizia, só podia ser devassada pelo noivo.; aquele que se atrevesse morreria com ela, era a sentença do cacique.
Mamangava, o feiticeiro da tribo, era aquele que mais desejava a formosa Mara.; atrevido, poderoso e super dotado, passava todo o tempo imaginando um tipo de feitiço, que lhe
permitisse devassar a mata sem que o filho do cacique percebesse. Porem, em vão: com aquela jibóia no meio das pernas, a mata ficaria tão devassada que não haveria feitiço que desse jeito. A fogosa índia se arrepiava toda, quando trepava com ele, na possibilidade de
ter a mata devassada por aquela enorme sucuri.
O tesão que o lanfranhudo tinha por aquela indevassável moita úmida e quente era maior que o medo de morrer. Um dia, não agüentando mais, levou-a para o lugar de costume e ordenou:_ Mara... cu... já!, traduzindo: põe a bunda no chão que a cobra vai fumar. Ela foi taxativa: _ Não! ... só após o prometido confirmar ao cacique o cumprimento do ritual: único salvaguarda da minha vida. Daí então, a minha mata será habitat da sua impaciente e gulosa anaconda.
O anhanguera estava possesso, irredutível, e a mataria se não conseguisse o seu intento.
A sucurujuba estava tesa, já a ponto de se embrenhar e ejacular todo o seu veneno naquela mata rubra e pujante. A magoada índia, percebendo que a cascavel ia consumar o fato, des-
garrou-se dele e disse: _ Se você for o primeiro... o cacique me mata.; se você não for o primeiro... você me mata. A minha vida pouco te importa, só uma coisa te interessa. Pois então, vou te castigar. Dizendo isso, arrebatou sua machadinha e penetrou o cabo profundamente em sua mata virgem, único desejo do desgraçado tarado.; em seguida, puxou da faca e a enfiou em seu próprio coração, morrendo instantaneamente.
O apalermado bruxo viu o corpo tão desejado, lavado de sangue, caído no chão, sem vida. Prostrado, ficou assim durante horas. A noite chegou, o dia raiou, e ele ali olhando o corpo inerte e frio da majestosa índia. Fez preces, feitiços: todo ritual que aquela ocasião
exigia. Por fim, abriu uma cova e a enterrou. Depois, sentou-se ao lado, com as pernas cruzadas, a cabeça baixa, e chorou. Muitas e muitas luas ele ficou assim.
Num belo dia, notou uma pequena planta que nascia da terra amontoada sobre a cova onde jazia Mara. A planta cresceu e se transformou numa trepadeira de maravilhosas e exuberantes flores, assim como fora Mara. Porém, as flores não davam frutos, os botões se abriam em flores, murchavam e caiam, assim como Mara que virgem morrera. De tão exuberante que eram,as pequenas abelhas não conseguiam poliniza-las, assim como nenhum índio possuiu Mara. Então, a mãe natureza, que ainda não castigara o perverso feiticeiro, transformou-o em uma enorme abelha e sentenciou:_ Mamangava, até o fim dos seus dias, irás pousar de flor em flor, polinizando-as, para que elas germinem e dêem frutos, do pólen e do néctar se alimentarás, mas deles não farás mel. A esta planta se dará o nome de Maracujá e sua flor será conhecida como a Flor da paixão.
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