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Erotico-->5. PRIMEIRA DESESPERANÇA -- 13/02/2004 - 07:31 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Parecia que o tempo estava transcorrendo de forma rápida. Acordado, julgava que a madrugada ia alta. Sentia fome mas não ousava dizer nada, para não acordar e não provocar os bandidos. Tentou desatar o nó que lhe prendia fortemente a máscara ao pescoço, mas não conseguiu. Verificou que havia um cadeado atrás da nuca. Certamente, os seqüestradores não eram novatos.

— Esses miseráveis vão acabar conseguindo o que querem, à custa de me deixarem na miséria. Tenho o nome bem conceituado e, mesmo que perca tudo, em pouco tempo me reerguerei, com certeza. Basta não tomar a iniciativa de chuchar os leões com vara curta.

Quis saber se era fácil acompanhar o arame até a privada. Ergueu-se, dolorido, friccionou as pernas, mas sentou-se de novo. Teria de bater palmas, conforme a recomendação. Aí, iria fazer o barulho que julgava inconveniente.

De qualquer maneira, pôs-se a alongar os músculos, conforme hábito antigo, que se mantinha graças ao fato de freqüentar as aulas de musculação e de aeróbica na academia. Verificou que o colchão não era grosso mas, silencioso, não iria indicar as flexões.

— Ainda bem que estou em ambiente arejado, apesar de a respiração não ser a melhor, com o nariz pressionado. De qualquer modo, pela boca, o ar entra livremente.

Aspirou algumas vezes com força e sentiu-se meio tonto. Percebeu que a fome se unia ao estresse para o efeito da fragilidade muscular.

Criou coragem, levantou-se e bateu palmas. Imediatamente, ouviu o trinco correr.

— Preciso ir ao banheiro.

— Vai!

Esperou que a porta se fechasse, mas nenhum ruído indicou que sua expectativa se consumasse. Lentamente, foi seguindo a trilha aberta pelo corrimão, até que sentiu, descalço, o solo frio da laje desnuda. O arame descia, obrigando-o a abaixar-se, o que provocou o encontro da bacia malcheirosa. Tateou o contorno e sentou-se, pronto para defecar. O máximo que conseguiu foi expelir um pouco de urina. Apalpou ao derredor para ver se encontrava papel ou jornal, algo com que se limpar. Na parede, ao lado, havia um rolo. Serviu-se, fingindo que obrara alguma coisa e procurou um cesto para depositar o papel, que costumava dobrar várias vezes.

— Jogue no chão mesmo.

— Tem descarga?

— Atrás de sua cabeça.

A voz não se disfarçava, mas não era a mesma. Acionou o botão da válvula, considerando que a parede era forrada de azulejos. Isto lhe garantia certo conforto. O som da água escorrendo lhe dava a certeza de que não iria ser maltratado.

— Muito obrigado!

— Volte pro seu lugar.

Teotônio não teve dificuldades para retornar, mas se sentiu estranhamente observado. Iriam ficar testemunhando todas as suas idas ao banheiro? E se precisasse tomar banho?

— Posso falar?

— Pode.

— Eu tomo comprimidos para pressão alta e para regular o ritmo cardíaco.

— Serão providenciados.

— Obrigado! Devo dizer os nomes dos remédios?

— Seus pais dirão.

Calou-se, já deitado. Queria pedir comida, queria que lhe tirassem a máscara, queria ter alguém com quem conversar. Ouviu que a porta se trancava.

Pensou na hora que seria e estranhou que mantivessem alguém de plantão. Refletiu sobre todas as palavras ditas e se fixou nas últimas. Quer dizer que iriam convencer os pais a pagarem o resgate? Mas eles não estavam a par de nada! O seu auxiliar direto, o gerente da fábrica, poderia não se envolver sentimentalmente, emocionalmente. Precisavam de quem tivesse razões poderosas para mantê-lo vivo.

Sem que pudesse controlar-se, sentiu que lhe tremia o corpo todo. Não chorava, mas terrível tremor de frio dava-lhe a agonia dos moribundos. Imaginou que fosse morrer.

— A pressão... a pressão...

E desmaiou.

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