você extingue-se
uivando ao luar
em sofreguidão.
o cio acelera
sua dança hormonal
ao ritmo impreciso
dos astros piscantes.
sua iminente volúpia
quer ser saciada
a qualquer custo,
esparsos espasmos
contraem-lhe o corpo
e fecham-lhe a mente.
a troca de fluídos
corpóreos se faz
necessária e urgente.
exacerbado,
seu instinto dominador
quer, paradoxalmente,
ser dominado.
neste desejo insano,
você adormece
e, insaciada,
sonha inquieta.
mãos rudes e calejadas
acariciam-lhe os cabelos,
dedos ásperos
descem suavemente
da face aos seios,
você se arrepia
ao toque macio
e ao mesmo tempo
áspero e forte.
botões de sua blusa
são lentamente
desabotoados,
um a um,
com cuidado,
carinhosamente.
no doce enlevo
deste jogo
você acorda
preguiçosa,
dominada,
feliz.
braços fortes
enlaçam sua cintura
e vagarosamente
a deixam nua.
um friozinho
a faz aconchegar-se
e num malabarismo
beija e deixa nu o seu amor
a afobação
cede lugar à calma
e o fogo do amor
vai lentamente
reavivando-se
com toques ligeiros
cheiros sutis
sussuros inaudíveis,
abrasando-se novamente
até a morte
na síncope do prazer
a lua, única testemunha,
ainda olha pelo vão da janela...