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Erotico-->4. A MISERICÓRDIA DE DEUS É INFINITA -- 02/12/2003 - 06:35 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Em primeiro lugar, devo dizer que sempre inicio os meus capítulos escrevendo o título. Isto significa que pode ocorrer de me desviar do meu intuito preliminar. Ora, como não desejo riscar o meu livro, se o tema desenvolvido não vier a condizer com o rótulo, tenham paciência os meus fantasmas de leitores e relevem a falha, por favor.

Todo o parágrafo acima veio para dar-me respaldo quanto ao desenvolvimento não corresponder de forma alguma à grandiosidade da misericórdia de Deus, porque a pequenez do redator não terá como fazer refletir, nos míseros dizeres, completamente, o sentimento de que me senti dominado estes dias, porque meditei profundamente, tendo chegado à conclusão de que toda a minha vida deveria ser passada a limpo, o que não pretendo fazer em simples texto de apagado mérito.

O contraste é oportuno para a formulação do meu desejo de exprimir um grave agradecimento pelos momentos de felicidade que preponderaram sobre os de desgraça, não tanto pelo fato de ter realmente motivos de comemoração, mas porque a alienação moral dos fatores de risco de minha existência me fizeram pairar meio na inconsciência dos dramas de que deveria tomar conhecimento, que havia vidas ao meu derredor a exigirem de mim maior atenção e compenetração quanto aos deveres que terminei por não cumprir.

Tento acrescentar fatos sobre fatos, porque me peguei muito triste pelo exame a que me obriguei do texto anterior. Na verdade, quando levantei a hipótese de que o Espiritismo poderia ser mais explícito em suas assertivas doutrinárias, em seus preceitos e teses, fugia exatamente da compreensão de que o estabelecimento da verdade particular de minha psique não se confrontava objetivamente com os preceitos da filosofia impressa por Kardec ao contexto das informações colhidas diretamente dos espíritos de luz, que vieram para transmitir aos homens as noções elementares de como se registram as leis universais, segundo a mentalidade humana capaz de absorvê-las.

No fundo, fui sendo conduzido, raciocínio a raciocínio, à percepção de que não me apresentava não só como não sendo dono da verdade como ainda bastante distante de saber tudo o que se encontrava impresso na codificação espírita, apesar de haver efetuado várias leituras de cada obra, mesmo quando enfrentei inúmeras dificuldades para entender alguns pensamentos contidos em “A Gênese, os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo”, título que faço questão de reproduzir por inteiro, porque as segunda e terceira partes da obra me parecem até mais importantes do que a primeira.

Bem que avisei que poderia divagar, sem perfazer a ordenação do frontispício. Em que tudo o que venho escrevendo satisfaz a premissa de ser a misericórdia de Deus infinita?

É que eu mesmo não sou capaz de me perdoar, pondo, inclusive, na cabeça, a presciência de que os leitores também não irão estar convencidos de que deverão fazê-lo, a não ser se pensarem ou se sentirem que deverão prestar a mim o dever universal do amor ao próximo.

Dei uma longa volta em todo o circuito e terminei exatamente onde queria começar, isto é, falando que Augusto jamais representou para mim o filho que desejaria ter tido. Talvez essa repulsão se deva ao fato de eu haver atribuído subjetivamente à sua existência a perda da companhia de Ana. Quer dizer que olhava para a criança e me lembrava dos momentos felizes que passei com a mãe. Apesar disso, ao invés de me alegrar com a lembrança, jogava intuitivamente naquele frágil ser a responsabilidade das nossas desavenças, como, mais tarde, iria justificar, através do Espiritismo, a necessidade de expiação de minha alma conturbada, tendo de cuidar do fedelho.


.....................................................


Não pude prosseguir ontem naquela linha de sofisticação racional imprópria para o meu parco conhecimento dos meandros da intelectualidade superior.

Penso que deveria ter explicado, desde logo, que, embora não seja estranho às letras, jamais dei vazão às produções de meu próprio cabedal nem como resultado de trabalho de investigação a respeito de qualquer ramo do conhecimento humano. Freqüentei uma faculdade onde recebi o diploma de professor de língua pátria. Quero que notem que estou procurando terminologia passível de escrever-se em iniciais minúsculas, para o que tenho muita desenvoltura, uma vez que a minha profissão da vida toda foi a de linotipista, tendo passado a digitador, sempre contrabalançando as minhas horas de trabalho na oficina com as funções de revisor de fundo de escritório.

Alguém mais arguto já deve estar percebendo nas entrelinhas o porquê não desejo riscar nem alterar nada do que vou escrevendo. Saberá esse amigo que vou colocando bem devagar as palavras nas folhas? Pois deverá ficar surpreso ao lhe fazer recordar de que já mencionei o fato de vir escrevendo com extraordinária rapidez, o que mais acima deixei assinalado. Demoro para pensar ou para sentir os temas que pretendo desenvolver. Entretanto, diante do papel, deixo escorrer as palavras em enxurradas de idéias, tanto que me atrevi, sem nenhum medo de errar, a dizer que o entrecho não iria corresponder à idéia expressa no letreiro lá de cima.

Pois bem, trabalhando cerca de dez a doze horas por noite, precisei deixar Augusto aos cuidados de uma pessoa responsável. Creio que podem os amigos adivinhar que arrumei outra mulher com quem compartilhar a vida. Mas sobre isso não vou escrever agora, porque perdi o impulso, recordando-me de que deveria terminar o tópico justificando a expressão sob o dossel da qual venho redigindo.

Não é verdade que se pode perceber certo equilíbrio mental em dissonância com os relatos extraídos da memória? A que devo isso? À misericórdia de Deus, que é infinita.

Então, para justificar que recebi a bênção do Espiritismo, o que não deixei muito evidente no capítulo anterior, devo dizer-lhes que as manifestações por via mediúnica de Augusto tendem a me isentar quase completamente da responsabilidade de não tê-lo feito mais cônscio dos deveres e obrigações da própria vida como dádiva de Deus.

Claro está que dou meu desconto à sua boa vontade, pensando que irei tê-lo como anjo guardião, como preceptor, como guia ou mentor, assim que me desligar desta carne, que respeito sem veneração, que agradeço ao Senhor por se ter apresentado bem ajustada ao hábitat muitas vezes inconveniente para os seres humanos e da qual me desligarei sem saudade, quando chegar a minha hora.

Venço a tentação de encerrar com um “Graças a Deus!”, fórmula sacratíssima que se deve preservar das tantas vibrações do meu acendrado egoísmo, não fora esta obra um memorial...

Em seu lugar, fiquem as reticências.

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