Sonhei que me transformava
Em negra terra lavrada.
Na noite, sonhei ser dia
E que o Sol me tomava
Como esposa, possuía...
Era no entanto eu, fêmea,
Que o seu corpo cobria
Num abraço pleno de ânsia
Em que toda estremecia.
Despertei tão exaltada
E sentindo-me tão estranha!
Frio lençol me tapava,
Neutro colchão me acolhia
Disse “AH”... E o “AH” soava
Entre uma parede e outra
Escoava-se pela porta,
E no silêncio esvaecia...
Ficou-me a alma em chama
E todo o meu corpo ardia
Se confusa, inebriada,
Em centelhas de ousadia!